A reaproximação entre os ex-presidentes aconteceu em um almoço na semana passada a convite do ex-ministro Nelson Jobim, próximo a ambos os políticos.
Jobim foi ministro da Justiça de FHC e ministro da Defesa de Lula, além de ministro do STF (Supremo Tribunal Federal).
A convite do ex-ministro Nelson Jobim, o ex-presidente Lula e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso se reuniram para um almoço com muita democracia no cardápio.
— Lula (@LulaOficial) May 21, 2021
Em um debate online na quarta, FHC já dissera que preferiria uma "terceira via", de preferência um candidato do PSDB, mas que votaria em Lula em 2022 se fosse necessário para evitar uma reeleição do presidente Jair Bolsonaro.
Uma pesquisa Datafolha divulgada em 12 maio mostra Lula como principal nome capaz de vencer uma disputa contra Bolsonaro em 2022.
FHC reafirmou sua posição na quinta, após a divulgação da foto com Lula.
Reafirmo, para evitar más interpretações: PSDB deve lançar candidato e o apoiarei; se não o levarmos ao segundo turno, neste caso não apoiarei o atual mandante, mas quem a ele se oponha, mesmo o Lula.
— Fernando Henrique Cardoso (@FHC) May 21, 2021
Apesar de serem rivais políticos e símbolos da polarização entre PT e PSDB, que dominou boa parte das disputas presidenciais após a redemocratização, Lula e FHC têm um longo histórico de apoio mútuo, até os anos 1990, e de respeito democrático nas últimas décadas.
Veja abaixo fotos dos dois políticos em outros momentos históricos em que estiveram lado a lado.
Na luta contra a ditadura
Tanto Lula quanto FHC foram militantes contrários à ditadura militar nos anos 1970 e 1980 e figuras importantes nas Diretas Já, movimento pelo direito ao voto direto para presidente iniciado em 1983.
Os dois se conheceram em 1973, no Cebrap (Centro Brasileiro de Política), fundado por FHC quando voltou do exílio.
Lula, que era líder do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, apoiou a campanha de FHC ao senado em 1978.
Os dois chegaram a fazer panfletagem juntos. FHC concorria pelo MDB, único partido de oposição autorizado a existir pela ditadura militar.
Nos anos seguintes, Lula se envolveu na criação do PT, formado em 1980 por militantes contrários à ditadura, sindicalistas, artistas, intelectuais e religiosos católicos ligados à Teologia da Libertação. Já FHC fez parte da criação do PSDB, que tinha perfil parecido, mas não tinha a mesma base operária e se encaminhava mais na linha da social-democracia.
Mesmo já se encaminhando para propostas divergentes, ambos subiram juntos ao palanque nas campanhas pelas Diretas Já.
Após a redemocratização
Após a redemocratização, FHC apoiou a campanha de Lula à Presidência em 1989, que o petista perdeu para Fernando Collor de Mello.
Em 1994, Lula e FHC concorreram um contra o outro e o tucano se saiu vitorioso, sendo reeleito em 1998 em outra disputa contra Lula.
Após três tentativas frustradas, Lula conseguiu se eleger em 2002, também ficando oito anos no cargo.
Ao longo de seu governo, Lula teve uma relação antagônica, porém democrática, com o predecessor - que então era membro da oposição.
FHC continuou duramente crítico ao PT durante o governo de Dilma Rousseff, mas apoiou Lula em momentos de dificuldade pessoal, quando o petista precisou tratar de um câncer na laringe, em 2012.
A relação politicamente divergente mas pessoalmente respeitosa continuou nos anos seguintes. O tucano visitou Lula no hospital quando ex-primeira dama Marisa Letícia teve declarada morte cerebral, em 2017, retribuindo o apoio de Lula após a morte de Ruth Cardoso anos antes, em 2008.
O retrato mais recente dos dois foi feito em um almoço na semana passada, em meio a um momento em que a oposição discute a formação de uma frente ampla para derrotar Bolsonaro em 2022.
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