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Estado de Minas DEMORA

Ex-assessor culpa vírus em computador pela demora da resposta a Pfizer

A mensagem com a resposta foi enviada apenas em novembro de 2020; a primeira proposta da farmacêutica foi feita em agosto


24/05/2021 20:19 - atualizado 24/05/2021 21:01

Élcio Franco, ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde(foto: Anderson Riedel/PR)
Élcio Franco, ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde (foto: Anderson Riedel/PR)
O ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde Élcio Franco enviou um e-mail à Pfizer, em novembro de 2020, alegando que um vírus na rede de computadores do ministério impossibilitou a análise das propostas de venda das vacinas contra a COVID-19. A farmacêutica enviou o documento ao governo federal em agosto do ano passado.

 

Segundo a TV Globo, que teve acesso ao e-mail, uma cópia da mensagem foi encaminhada à CPI da COVID. De acordo com a emissora, Franco relatou à farmacêutica que houve “dificuldades” para abrir os e-mails.
 
“Informo que, em virtude de um problema de vírus em nossa rede do Ministério da Saúde, estamos com uma série de dificuldades de conexão em rede e abertura de e-mails, o que dificultou ou até impediu o acesso aos arquivos enviados até a presente data, assim como sua respectiva análise.”
 
A CPI da Pandemia conseguiu dados mostrando que o governo federal ignorou 10 e-mails enviados pela Pfizer para discutir a venda de vacinas contra a COVID-19 ao Brasil, no período de 14 de agosto a 12 de setembro de 2020.

No 1º e-mail, de 14 de agosto, a Pfizer ofereceu até 70 milhões de doses e a proposta tinha validade até o dia 29 daquele mês.
 

Várias tentativas

 
Durante depoimento na CPI da COVID, o gerente-geral da Pfizer para a América Latina, Carlos Murillo, afirmou que a farmacêutica ofereceu 2 contratos, um de 30 milhões e outro de 70 milhões de doses.
 
Após enviar o primeiro e-mail, a farmacêutica mandou mensagens eletrônicas, por três dias seguidos, cobrando uma resposta. Depois, uma representante do laboratório telefonou para uma técnica da Secretaria de Ciência, Inovação e Insumos Estratégicos (Sctie), ligada ao Ministério da Saúde.
 
Em um e-mail posterior a essa ligação, Cristiane Santos, da Pfizer, mandou uma nova comunicação eletrônica. Escreveu que a ligação caiu e não conseguiu novo contato.
 
“Espero que esteja tudo bem com vc! Só queria confirmar se vocês receberam ontem uma comunicação enviada em nome do presidente da Pfizer, Carlos Murillo, com a proposta atualizada de um possível fornecimento de vacinas de COVID-19. Você me avisa? ”, diz um trecho do e-mail.
 
“A validade das propostas continua sendo a mesma, até 29 de agosto de 2020, e gostaria de saber, com urgência, do interesse deste ministério em iniciar conversações sobre aspectos legais e jurídicos da presente proposta”, continua a mensagem.
 

Mais e-mails

 
No dia 26 de agosto, Alejandro Lizarraga, outro representante da Pfizer, enviou um novo e-mail. Desta vez, a mensagem era endereçada ao assessor especial para assuntos internacionais do Ministério da Saúde, Flávio Werneck. 

Lizarraga escreveu que era importante a Pfizer ter “um posicionamento quanto ao interesse na aquisição” da vacina “de modo a contribuir com os esforços de atendimento da demanda no país neste tema.”
 
Após o vencimento da proposta, no dia 29 de agosto, a Pfizer mandou um novo e-mail com dados sobre a vacina, atendendo a demanda de técnicos do Ministério da Saúde.
 
No dia 12 de setembro, o presidente mundial da Pfizer, Albert Bourla, enviou ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), com cópia para outras autoridades, uma carta na qual dizia que não havia recebido resposta para as ofertas.
 
“Minha equipe no Brasil se reuniu com representantes de seus Ministérios da Saúde e da Economia, bem como com a Embaixada do Brasil nos Estados Unidos. Apresentamos uma proposta ao Ministério da Saúde do Brasil para fornecer nossa potencial vacina que poderia proteger milhões de brasileiros, mas até o momento não recebemos uma resposta”, diz trecho da carta.
 
Os contatos entre a farmacêutica e o Brasil só avançaram em outubro, quando foi agendada uma reunião virtual entre a Pfizer e o Ministério da Saúde.
 
O ex-secretário de Comunicação Fabio Wajngarten também teve, na mesma época, uma reunião com a Pfizer. Ele contou sobre essa reunião durante depoimento na CPI da COVID. De acordo com ele, seu papel era “encurtar o caminho” para um acordo.
 
Logo depois da reunião, Carlos Murillo enviou e-mail a técnicos da Saúde e a Wajngarten. Ele confirmou a oferta de 70 milhões de doses.
 
“Gostaria de reforçar que um diferencial da nossa proposta, em linha com que o excelentíssimo senhor presidente Jair Bolsonaro tem comentado, é que o acordo só é efetivado a partir da aprovação da vacina da Anvisa, sem qualquer risco/prejuízo financeiro ao país caso nossa vacina não receba o registro regulatório.”
 
*Estagiária sob supervisão do subeditor João Renato Faria



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