O ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo obteve uma licença-prêmio de 90 dias por assiduidade, referentes ao quinquênio de 1990 a 1995. No período de três meses, o ministro continuará recebendo o salário do cargo efetivo, como é no caso dos servidores que têm concedida a licença-prêmio.
Araújo anunciou a saída do Itamaraty em 29 de março após uma gestão repleta de polêmicas. Sua saída se deu, principalmente, a pressões do Congresso Nacional, em especial do Senado, que apontava que a postura do ex-ministro não contribuiu com o Brasil no combate à pandemia.
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CPI da COVID: os memes do depoimento de Ernesto AraújoErnesto Araújo: 'Sistema de saúde, no geral, está bem'CPI da COVID: Omar Aziz relembra Ernesto Araújo do 'comunavírus'Um dia depois, Paes ainda não se posicionou sobre 'motociata' de BolsonaroNa ocasião de sua demissão, ele havia entrado em um embate com a senadora Kátia Abreu (PP-TO). Após uma crítica da parlamentar, Araújo publicou no perfil da rede social um texto sugerindo que as críticas recebidas da senadora dizem respeito a interesses relacionados ao 5G e não à vacinação contra a COVID-19.
"Em 4/3 recebi a Senadora Kátia Abreu para almoçar no MRE (Ministério das Relações Exteriores). Conversa cortês. Pouco ou nada falou de vacinas. No final, à mesa, disse: 'Ministro, se o senhor fizer um gesto em relação ao 5G, será o rei do Senado.' Não fiz gesto algum", escreveu.
Houve resposta da senadora, que teve apoio de diversos senadores, inclusive do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), que disse ter recebido com perplexidade as afirmações do ex-ministro contra Kátia.
Atritos com a China
A permanência do ex-chanceler ficou insustentável, e sua saída foi anunciada no dia seguinte. Na semana passada, Araújo esteve no Senado para prestar depoimento na condição de testemunha na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da COVID.
No local, negou atritos com a China, apesar de ter sido público momentos de mal estar entre ele e o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming.
Só no ano passado, o Itamaraty respondeu a embaixada em duas ocasiões diferentes após o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro, fazer críticas ao gigante asiático.
Em novembro, o parlamentar fez uma série de publicações em sua rede social que acusava a China de espionagem via 5G.
A embaixada respondeu em nota manifestando forte insatisfação e repúdio ao comportamento do deputado e disse, ao final, que as personalidades brasileiras devem "deixar de seguir a retórica da extrema direita norte-americana, cessar as desinformações e calúnias sobre a China e evitar ir longe demais no caminho equivocado".
Contrariando a prática diplomática, o Itamaraty chamou a resposta chinesa de ofensiva e desrespeitosa, dizendo não ser apropriado que “agentes diplomáticos” tratem assuntos dos dois países pelas redes sociais e que tal atitude não é construtiva e gera “fricções”.