A Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) analisa projeto de lei (PL) que assegura apoio financeiro à Fundação Ezequiel Dias (Funed) para a produção da vacinas antiCOVID-19. O texto, que tramita pelas comissões temáticas do Parlamento, estabelece que o governo estadual deve garantir, além de verbas, ajuda técnica e científica para a produção de imunizantes.
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Flávio Bolsonaro comemora: 'Vacinação em massa engrenando'TCE-MG aprova com ressalvas as contas do primeiro ano de Zema no governoCPI da COVID: Arthur Weintraub e Carlos Wizard são convocados para deporO autor da proposição, Repórter Rafael Martins (PSD), sugere que os recursos para bancar o aporte nos trabalhos da Funed sejam oriundos do Fundo Estadual de Incentivo à Inovação Tecnológica (FIIT). Para dar fôlego à produção de imunizantes, a fundação poderá firmar convênios com laboratórios e institutos que produzem insumos para injeções — desde que devidamente aprovados pelas agências reguladoras.
“Tenho ressaltado a importância da Funed desde o início do ano. E esse projeto é essencial para que a gente possa ter cada vez mais vacinas disponíveis em Minas Gerais”, projeta o deputado estadual.
Uma das ideias de Martins é a utilização da Funed para acelerar a produção da Spintec, imunizante desenvolvido pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O composto pode começar a ser liberado em larga escala no primeiro semestre do próximo ano.
Nesta quarta-feira (26/5), o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil — também do PSD — assinou termo que garante R$ 32 milhões para bancar a segunda fase de estudos da injeção.
“Estamos muito próximos de produzir as nossas vacinas em Minas Gerais”, diz Rafael Martins.
Minas perdeu vacina chinesa
Em janeiro deste ano, o Estado de Minas revelou que o governo de Romeu Zema (Novo) viu naufragar acordo para a produção de vacina chinesa no estado. O poder Executivo e o laboratório Sinopharm chegaram a assinar memorando de entendimentos para a realização de testes. As tratativas, contudo, foram canceladas após os chineses reclamarem de “diálogo lento” por parte dos representantes mineiros.Houve, ainda, uma gafe diplomática: os representantes do estado sugeriram reunião às 16h de Brasília — o que corresponde às 3h em solo chinês. A Funed participou das negociações.
À época, um interlocutor afirmou à reportagem que as conversas entre a fundação e a Sinopharm se iniciaram antes mesmo de São Paulo anunciar cooperação entre Instituto Butantan e Sinovac.
“Duas semanas após a assinatura do memorando, Minas Gerais ainda não propôs um plano de trabalho para os testes clínicos de fase 3, e também não tem propostas de companhias CRO (Clinical Research Organizations, empresas às quais se pode terceirizar um ensaio clínico). O atual estágio dos trabalhos preocupa a CNBG (organização estatal chinesa que controla a Sinopharm). Uma vez que a pandemia de COVID-19 ainda avança furiosamente, a equipe da CNBG está correndo contra o tempo todos os dias para oferecer ao mundo uma vacina segura e efetiva. Eles não podem mais esperar”, alegou um chinês responsável por intermediar as tratativas, ao comunicar o fim das conversas.