O vice-governador do Amazonas, Carlos Almeida (PSDB), comemorou nesta quarta-feira, 26, a convocação do governador do Estado, Wilson Lima (PSC), para prestar depoimento na CPI da Covid no Senado Federal. A relação dos dois azedou em meio às investigações de corrupção que atingem a gestão amazonense na pandemia.
"Será uma excelente oportunidade para tornar ainda mais evidentes as ações do próprio governador que resultaram no verdadeiro desastre que atingiu o Estado", disse o vice.
Wilson Lima está entre os nove governadores chamados para interrogatório pelos senadores. A crise de desabastecimento de oxigênio hospitalar em Manaus é um dos pontos de interesse da comissão parlamentar, que apura se houve omissão do governo federal no enfrentamento da crise sanitária.
A declaração do vice-governador vem após Wilson Lima exonerar 20 servidores subordinados ao gabinete dele. Almeida promete entrar com ação na Justiça contra a iniciativa, que classificou como 'tentativa de intimidação', e defende o afastamento do governador - o que o colocaria no comando do Estado.
"Urge um pedido de medida cautelar para que o governador, apontado pela Polícia Federal como líder de organização criminosa, pare de praticar atos que podem e devem ser enquadrados no art. 312 do Código de Processo Penal", afirma o vice, que foi acusado ao lado de Wilson Lima por participação em supostos desvios para compra de respiradores e também está sendo processado sob suspeita de irregularidades no contrato de gestão de uma UPA e do hospital referência no tratamento da covid-19 em Manaus.
Governador e vice negam irregularidades.
COM A PALAVRA, O GOVERNADOR WILSON LIMA
A reportagem entrou em contato com a assessoria do governador e, até a publicação desta matéria, ainda aguardava uma resposta.
LEIA A ÍNTEGRA DA NOTA DO VICE-GOVERNADOR DO AMAZONAS:
A convocação do governador do Amazonas, Wilson Lima, na CPI da Covid, será uma excelente oportunidade para tornar ainda mais evidentes as ações do próprio governador que resultaram no verdadeiro desastre que atingiu o Estado. Uma catástrofe persistente provocada pela má gestão e pela falta de compromisso pessoal do chefe do Executivo com a população.
Nos últimos dias fui vítima de atos de intimidação, como a violação do meu gabinete e a exoneração de minha equipe, inclusive seguranças, mas reitero que não serei calado ou impedido de seguir firme no combate à corrupção e aos quadrilheiros que, segundo a Justiça, tomaram de assalto o Amazonas. Os gestos realizados pelo governador apenas demonstram seu total desespero diante da queda iminente, e comprovam que os anseios da população não são uma prioridade no momento.
Ainda assim, comunico que todas as medidas judiciais cabíveis serão tomadas ante à violação de minhas garantias constitucionais. Urge um pedido de medida cautelar para que o governador, apontado pela Polícia Federal como líder de organização criminosa, pare de praticar atos que podem e devem ser enquadrados no art. 312 do Código de Processo Penal.
Nenhum governante, mesmo que fraco e rendido, tem autoridade para rasgar o texto da Constituição e sobrepor interesses pessoais em detrimento da vontade popular. O mandato outorgado por meus eleitores exige responsabilidade e compromisso total. Não descansarei enquanto não ocorrer o afastamento daqueles que destroem e tratam com indiferença o próprio povo. Pelo bem e para o bem de todos os amazonenses.
Carlos Almeida Filho - Vice-governador do Amazonas
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