O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) viajou nesta quinta-feira (27/5) para inaugurar uma ponte, chamada de Rodrigo Cibele, na Amazônia. O local é passagem para o território Yanomami, alvo de invasões de garimpeiros ilegais. A ponte tem 18 metros de extensão.
Dá uma olhada no antes e depois dessa maravilha da engenharia moderna.
%u2014 Agenda do Jair (@AgendaDoJair) May 27, 2021
Nem a China faz uma obra dessas. Parabéns, Jair!!! pic.twitter.com/QJt9CoDNST
O evento consta da agenda presidencial e a Prefeitura de São Gabriel, considerado o distrito mais indígena do Brasil, afirmou que as lideranças locais “estão tranquilas e vão receber o presidente Bolsonaro com festa”.
Em contrapartida, alguns líderes do povo Yanomami divulgaram uma carta de repúdio à visita de Bolsonaro em suas terras.
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Para eles, o objetivo do que seria a primeira ida de Bolsonaro a uma terra indígena é somente para tratar e tentar acordar “a legalização de mineração no território Yanomami”. “Essa não é a nossa ansiedade yanomami.”
Assinaram o documento caciques, tuxauas, líderes e gestores das associações: AYRCA (Associação Yanomami do Rio Cauaburis e Afluentes) e AMY (Associação das Mulheres Yanonami Kumirayõma).
Em 29 de abril, em sua live semanal de quinta-feira, Bolsonaro defendeu a mineração em reservas indígenas e alegou que esses 14% do território brasileiro têm um grande potencial. Na ocasião, ele anunciou a intenção de ir até unidades do pelotão de fronteira do Exército (PEF), para "dar uma olhada na região e oficializar alguma coisa".
Segundo a Convenção 169 da Organização Mundial do Trabalho (OIT), a comunidade deveria ser previamente consultada e deveria haver um consenso entre os líderes. Essa também é uma tradição dos indígenas.
* Estagiária sob supervisão da subeditora Ellen Cristie.