O vice-presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou que parte do colegiado está convencido da instalação no governo federal, desde a chegada do novo coronavírus ao Brasil, de um "comando paralelo" para os assuntos sobre a covid-19. "Este comando, no nosso sentimento, existe até hoje e, baseado principalmente em declarações do presidente da República, trabalhava e apostava na estratégia da infecção de todos da chamada 'imunidade de rebanho'", afirmou o senador durante entrevista coletiva nesta tarde (28).
O relator do colegiado, Renan Calheiros (MDB-AL), questionou a insistência do governo federal na mesma estratégia. "Por que isso continua até hoje, com a defesa das mesmas teses? Com as mesmas práticas?", argumentou. Segundo Calheiros, o governo faz "uma falsa discussão" que o Executivo colocou na relação com o Legislativo e o Supremo Tribunal Federal (STF).
"São poucas as constatações (da CPI), mas uma constatação robusta é esta: que muita coisa daria para ser feita objetivando salvar vidas se o encaminhamento do governo fosse democrático, transparente, com os outros Poderes. Mas o governo preferiu dificultar a sua relação com os outros poderes da República", afirmou Calheiros. Entre os exemplos, destacou a narrativa usada pelo presidente Jair Bolsonaro e apoiadores de que o Supremo Tribunal Federal (STF) teria retirado poderes do governo federal, quando, na realidade, garantiu autonomia de decisão aos entes federados.
"(O governo) resolveu passar para a sociedade a opinião de que a autonomia que foi dada pelo STF teria sido uma autonomia contra o próprio governo e que por isso deixaria de atuar. Na verdade, não foi isso que aconteceu. O presidente, até na semana que passou, defendeu a imunidade de rebanho. Ele nunca priorizou a vacinação", disse o relator da CPI.
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