O questionamento ocorreu durante oitiva da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, tocada pelo Senado Federal.
Ao responder Girão, Dimas Covas explicou que as injeções têm papel fundamental na busca pela imunidade coletiva. O especialista lembrou que o efeito da vacina varia conforme as especificidades de cada pessoa.
“A vacina não é uma proteção absoluta. Ela não é escudo contra doença ou mortalidade. É uma proteção relativa. Entram fatores individuais das pessoas e as comorbidades”, afirmou. Durante a sessão, Girão também citou outros casos de idosos infectados após a dose de reforço.
Ao EM, o parlamentar sustentou que os questionamentos foram feitos com o objetivo de dirimir dúvidas “Doutor Dimas Covas trouxe as informações necessárias para que as pessoas se sintam seguras com o processo de vacinação”.
Enquanto discorria sobre as funções dos imunizantes antiCOVID-19, o presidente do Butantan explicou que as doses têm a função de evitar complicações da doença viral. Ele lembrou, ainda, que idosos produzem menos anticorpos que pessoas mais jovens.
“Nenhuma vacina até este momento tem demonstrado que protege contra a infecção. Ela protege contra as manifestações clínicas — e, principalmente, as manifestações mais graves”, pontuou.
A morte de Nelson Sargento
Nelson Mattos, ex-sargento do Exército, tomou a primeira dose da vacina em janeiro, durante solenidade promovida pela Prefeitura do Rio de Janeiro. No mês seguinte, foi contemplado com a injeção de reforço.
Internado em 20 de maio no Instituto Nacional do Câncer (Inca), no Rio de Janeiro, onde tratava de um câncer na próstata desde 2005, chegou ao hospital com desidratação e anorexia. Testou positivo para o novo coronavírus e foi intubado.
Sargento era baluarte da Estação Primeira de Mangueira desde 2012, escola que representou por muitos anos, compondo sambas de enredo e desfilando. O sambista era presidente de honra da agremiação desde janeiro de 2013, meses após a partida do mestre-sala Delegado, então ocupante do posto.
A composição mais simbólica de Nelson Sargento, um dos ícones do samba em forma de lamento, foi a canção “Agoniza, mas não morre”. Em 2015, foi homenageado pela Inocentes de Belford Roxo no carnaval carioca.
O que é uma CPI?
O que a CPI da COVID investiga?
Saiba como funciona uma CPI
O que a CPI pode fazer?
- chamar testemunhas para oitivas, com o compromisso de dizer a verdade
- convocar suspeitos para prestar depoimentos (há direito ao silêncio)
- executar prisões em caso de flagrante
- solicitar documentos e informações a órgãos ligados à administração pública
- convocar autoridades, como ministros de Estado — ou secretários, no caso de CPIs estaduais — para depor
- ir a qualquer ponto do país — ou do estado, no caso de CPIs criadas por assembleias legislativas — para audiências e diligências
- quebrar sigilos fiscais, bancários e de dados se houver fundamentação
- solicitar a colaboração de servidores de outros poderes
- elaborar relatório final contendo conclusões obtidas pela investigação e recomendações para evitar novas ocorrências como a apurada
- pedir buscas e apreensões (exceto a domicílios)
- solicitar o indiciamento de envolvidos nos casos apurados
O que a CPI não pode fazer?
Embora tenham poderes de Justiça, as CPIs não podem:
- julgar ou punir investigados
- autorizar grampos telefônicos
- solicitar prisões preventivas ou outras medidas cautelares
- declarar a indisponibilidade de bens
- autorizar buscas e apreensões em domicílios
- impedir que advogados de depoentes compareçam às oitivas e acessem
- documentos relativos à CPI
- determinar a apreensão de passaportes
A história das CPIs no Brasil
CPIs famosas no Brasil
1992: CPMI do Esquema PC Farias - culminou no impeachment de Fernando Collor
1993: CPI dos Anões do Orçamento (Câmara) - apurou desvios do Orçamento da União
2000: CPIs do Futebol - (Senado e Câmara, separadamente) - relações entre CBF, clubes e patrocinadores
2001: CPI do Preço do Leite (Assembleia de MG e outros Legislativos estaduais, separadamente) - apurar os valores cobrados pelo produto e as diretrizes para a formulação dos valores
2005: CPMI dos Correios - investigar denúncias de corrupção na empresa estatal
2005: CPMI do Mensalão - apurar possíveis vantagens recebidas por parlamentares para votar a favor de projetos do governo
2006: CPI dos Bingos (Câmara) - apurar o uso de casas de jogo do bicho para crimes como lavagem de dinheiro
2006: CPI dos Sanguessugas (Câmara) - apurou possível desvio de verbas destinadas à Saúde
2015: CPI da Petrobras (Senado) - apurar possível corrupção na estatal de petróleo
2015: Nova CPI do Futebol (Senado) - Investigar a CBF e o comitê organizador da Copa do Mundo de 2014
2019: CPMI das Fake News - disseminação de notícias falsas na disputa eleitoral de 2018
2019: CPI de Brumadinho (Assembleia de MG) - apurar as responsabilidades pelo rompimento da barragem do Córrego do Feijão