O presidente da CPI da COVID, Omar Aziz (PSD-AM), vai antecipar o depoimento de pessoas apontadas como integrantes do chamado “gabinete paralelo”. Outras testemunhas ligadas à gestão do Ministério da Saúde também devem ser ouvidas, nesse caso, para apurar uma possível ingerência política na pasta. Por isso, o colegiado fará a oitiva, hoje, da médica Luana Araújo. Ela foi indicada ao cargo de secretária de enfrentamento à COVID-19, mas 10 dias depois teve a sua saída anunciada. A nomeação não foi aprovada pelo Palácio do Planalto.
A princípio, nesta quarta-feira (2/9), haveria uma audiência pública com médicos e pesquisadores sobre o uso de medicamentos contra a COVID-19. A mudança da pauta provocou revolta na base governista. O senador Marcos Rogério (DEM-RO), que integra a linha de frente do governo na CPI, criticou a alteração.
Aziz argumentou que a CPI deve focar em investigar, e não em fazer audiência pública. De acordo com ele, o próprio ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, levou informações ao colegiado que justificam a convocação de Luana Araújo. O atual titular da pasta sustentou, na comissão, que tinha autonomia para nomear quem quisesse, mas a escolha dele pela médica foi barrada pelo Planalto.
Aziz avisou que deve alterar a agenda mais uma vez e antecipar os depoimentos de Élcio Franco, ex-secretário-executivo do ministério; Marcos Arnaud, conhecido como Marquinhos Show, que era assessor direto do então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello; Arthur Weintraub, ex-assessor especial da Presidência, irmão do ex-ministro da Educação Abraham Weintraub; Carlos Wizard, empresário; e o próprio Queiroga.
Arthur Weintraub e Carlos Wizard foram citados, nesta terça-feira (1º/6), pela médica Nise Yamaguchi. De acordo com ela, Weintraub discutiu “a possibilidade de médicos prescreverem esses medicamentos”, referindo-se à cloroquina e hidroxicloroquina. Sobre Wizard, afirmou que participa com ele de um “conselho científico independente”.
De acordo com Aziz, a próxima etapa da investigação é ir atrás do “gabinete do ódio, que tanto propagou o uso de cloroquina” e outras medicações sem eficácia comprovada contra a COVID-19. Já houve solicitação de compartilhamento de dados do inquérito das fake news, no Supremo Tribunal Federal (STF).
“Encerramos um ciclo de investigação em que sabemos que o governo nunca quis comprar vacina, isso está provado, não tem mais que discutir essa questão. E está provado, também, que havia um assessoramento não de profissionais nomeados no Ministério da Saúde”, afirmou. “E foi se formatando, sem nenhum dado científico, um protocolo em que vem tratamento precoce e imunização de rebanho, coisa que não deu certo no Brasil e ceifou a vida de muitas pessoas.”