Questionada se havia encontrado algum tipo de resistência interna no Ministério da Saúde, ela afirmou que no período que esteve no cargo extraoficialmente, seu objetivo era antecipar problemas e todos estavam de acordo. Ela explicou que tentou encontrar pessoas técnicas dentro e fora do órgão para compor a equipe, mas encontrou dificuldades. “Infelizmente, por tudo que vem acontecendo, por essa polarização esdrúxula, essa politização incabível, os maiores talentos que a gente tem para trabalhar dentro dessas áreas, não estavam exatamente à disposição para trabalhar nesta secretaria”, ressaltou.
“Isso é muito importante que seja dito porque nós temos cérebros que são incríveis dentro deste país. Abri mão de muitas coisas pela chance de ajudar meu país, não precisava ter feito isso, mas fiz e tô aqui agora. Os senhores acham que as pessoas, de fato, que têm interesse de ajudar o país e competentes a fazer isso, neste momento se sentem muito compelidas a aceitar esse desafio? Não se sentem, então infelizmente a gente está perdendo”, acrescentou.
Luana Araújo é crítica do tratamento precoce contra o coronavírus e foi indicada para assumir o cargo na secretaria especial de combate à pandemia em 12 de maio deste ano, mas deixou o posto 10 dias depois, em 22 do mesmo mês, antes mesmo de ser nomeada oficialmente. O depoimento da ex-secretária do Ministério da Saúde atende a um requerimento do senador Humberto Costa (PT-PE).
O parlamentar afirma que Araújo foi demitida após ordem do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido). O cargo de secretária Extraordinária de Enfrentamento à COVID-19 foi criado com a chegada de Luana Araújo. Desde que ela foi exonerada, não houve um substituto.
A CPI da COVID apura possíveis ações e omissões do governo federal no enfrentamento à pandemia do coronavírus e repasses de verbas a estados e municípios. A comissão foi instalada em 27 de abril deste ano.