O governador João Doria (PSDB) pediu autorização à Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) para contratar empréstimos no total de R$ 8,8 bilhões com bancos nacionais e instituições internacionais. O valor seria destinado a obras de infraestrutura, à Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) e ao programa São Paulo Mais Digital. A falta de detalhes sobre as obras que receberiam a maior parte do valor despertou críticas entre deputados da oposição.
O Palácio dos Bandeirantes quer que a proposta seja apreciada com urgência. A maior fatia dos empréstimos, no valor de R$ 5 bilhões, seria destinada a projetos de mobilidade urbana, infraestrutura em saúde, educação, segurança pública, obras de drenagem para enchentes, habitação e sustentabilidade. Em um documento em que justifica a proposta, o Palácio dos Bandeirantes diz que os projetos constam no Programa de Metas 2020-2022, mas não especifica quais serão as obras.
O governo ainda informa que já deu início a tratativas com bancos federais para a abertura de linhas de crédito. Conversas com a Agência de Cooperação Internacional do Japão e o New Development Bank, ligado ao grupo BRICS, também já estão avançadas. Esses empréstimos internacionais viabilizariam dois projetos da Sabesp: o Programa de Apoio ao Plano de Investimentos e a terceira fase do Programa de Recuperação Ambiental da Região Metropolitana da Baixada Santista.
À companhia de saneamento, o governo paulista prevê destinar um total de R$ 2,5 bilhões - pouco mais de R$ 1 bilhão do banco dos BRICS, para o plano de investimento, e o restante às obras no litoral.
Outro R$ 1,3 bilhão seria destinado ao programa São Paulo Mais Digital, que visa reformar plataformas online do governo. Neste caso, o governo apresentou uma descrição detalhada de quanto seria destinado a cada iniciativa. Além dos empréstimos, o projeto propõe a criação da Loteria Estadual e a venda de imóveis que pertencem ao governo.
'Intriga'
Parlamentares da oposição e da ala independente na Assembleia dizem que falta transparência no destino de R$ 5 bilhões do pacote de empréstimos. O deputado Paulo Fiorilo (PT) disse que há menos detalhes do que propostas do tipo enviados à Alesp em gestões anteriores.
"Não especifica quais são as obras, ele só diz quais são as áreas", afirmou Fiorilo. "O governo está apostando em ter a maior quantidade de recursos possível para investir em obras que deem visibilidade. Ele arrecadou mais e gastou menos e, agora, se conseguir esses quase R$ 9 bilhões, é mais recurso para conseguir visibilidade."
Já a deputada Janaína Paschoal (PSL) escreveu, nas redes sociais, que "a finalidade do empréstimo é muito genérica".
O líder do governo, deputado Vinícius Camarinha (PSB), classificou os questionamentos como "intriga da oposição". Ele assegura que o plano está detalhado em um anexo do projeto. "O Estado tem de ser uma das molas propulsoras do desenvolvimento de São Paulo, então o governo acerta, vai movimentar bilhões de reais e desencadear milhares de emprego", defendeu Camarinha.
A Casa Civil do governo paulista também disse, em nota, que o projeto "é claro e objetivo sobre o emprego dos recursos". A pasta reiterou que, junto à proposta, foi enviado um estudo onde são detalhados os investimentos em diversas áreas.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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