Os deputados estaduais Betão Cupolillo (PT) e Bruno Engler (PRTB) protagonizaram acalorado debate nesta quinta-feira (24/6), na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Em reunião que tratava de privatizações, quando falavam sobre Jair Bolsonaro (sem partido), o petista alegou que, diferentemente de Romeu Zema (Novo), o presidente não deixou claro, na campanha eleitoral, ser simpático à venda de estatais.
Eles passaram a discutir sobre a facada recebida por Bolsonaro às vésperas do pleito. Houve acusações e interrupções.
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Assembleia de Minas define deputados da CPI da Cemig; veja os nomesBolsonaro faz gesto para criança de 10 anos tirar máscara; veja vídeoBolsonaro tira máscara de criança ao pegá-la no colo; veja o vídeoAntes, Betão já havia afirmado que Bolsonaro não consegue debater sequer “com uma criança de 12 anos”.
“O senhor querer ditar como um homem que sofreu um atentado terrorista, uma tentativa de assassinato, se recupera ou não. Se tem condição, ou não, de ficar uma hora e meia em pé num debate… E, ao contrário do que o senhor disse, após a facada ele não foi a comício algum. Deu algumas entrevistas, sentado, com limite de tempo e ambiente controlado”, rebateu Engler.
Durante o bate-boca, o bolsonarista, além de acusar o colega de mentir, chegou a chamá-lo de “leviano”.
As falas deixaram Betão irritado, que pediu a palavra para rebater e apontou contradições na trajetória política do presidente.
“Não sou mentiroso. Gostaria que o senhor não falasse mais essa palavra. Coloquei aqui uma discussão. Não houve debate. O presidente Jair Bolsonaro, enquanto era congressista, falava contra a Reforma da Previdência e as privatizações”, sustentou.
“(Bolsonaro) Não deixou às claras à população brasileira os propósitos dele. Se ele colocasse claramente que era a favor das reformas da Previdência e Trabalhista, com certeza não teria mais votos”, completou.
Para garantir que Bolsonaro tem, sim, ideias liberais, Engler recorreu à presença de Paulo Guedes no Ministério da Economia. Segundo ele, o atual presidente anunciou com antecedência a intenção de seguir uma agenda privatista.
“(Bolsonaro) angariou confiança e apoio de setores importantes da sociedade porque já havia anunciado o ministro Paulo Guedes e sua intenção privatizante”.
Nos momentos finais da reunião, a dupla reconheceu os excessos cometidos durante o debate.
Privatizações pautam deputados
O bate-boca entre os parlamentares ocorreu em reunião da Comissão Extraordinária das Privatizações, instalada para debater benefícios e malefícios da venda de empresas públicas mineiras.
A privatização de ativos como a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) foi bandeira de campanha de Romeu Zema.
Nesta quinta, os deputados se encontraram para eleger os líderes do grupo. Escolhido vice-presidente, Engler terá a companhia do também bolsonarista Coronel Sandro (PSL), que vai ocupar a presidência.
Os deputados poderão conversar, por meio de mecanismos como audiências públicas, reuniões com convidados e visitas, sobre viabilidade das desestatizações.
Além de abordar as consequências das privatizações, o colegiado vai discutir os mecanismos legais que possibilitam as vendas.
No caso de Cemig e Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), a Constituição Estadual prevê referendo popular para deliberar sobre negócios envolvendo as empresas.
Para que as consultas públicas sejam dispensadas, o governo precisa que a Assembleia aprove Proposta de Emenda à Constituição (PEC).
Leia trecho do debate entre Bruno Engler e Betão:
Engler: Os governantes não estão tirando essa agenda da sua cabeça. Eles prometeram em campanha e querem cumprir o que prometeram. Quem decidiu foi o povo brasileiro e o povo mineiro. Cabe a nós, como deputados, ajudar o governo de Minas a encontrar a melhor forma de cumprir uma promessa de campanha – que, querendo ou não, foi a vitoriosa.
Betão: A campanha do Romeu Zema tinha esse viés mais liberal, de tentativa de privatizar. Mas a de Jair Bolsonaro, não. Ele não disse nada na campanha dele. Não apresentou programa, não foi a debate. Não foi a lugar nenhum.
Engler: Ele não foi a debates porque tomou facada.
Betão: Mas rapidamente ele se recuperou e começou a ir aos comícios.
Engler: Você não se recupera rapidamente de uma facada, Betão.
Betão: Debate, ele não foi. Porque não tem condições de debater.
Engler: Tomar uma facada no abdômen não é brincadeira.
Betão: Ele não consegue debater nem com uma criança de 12 anos. Só lembrar isso.
Engler: Você não consegue desqualificar uma pessoa com uma facada, que foi eleita presidente do Brasil, e inclusive já tinha anunciado como ministro da Economia o Paulo Guedes, que é um notório liberal. Teve respeito e apoio do mercado por causa disso. Isso era, sim, uma promessa de campanha. Jair Bolsonaro foi aos primeiros debates da campanha presidencial e não foi aos subsequentes porque foi esfaqueado por um ex-militante do Psol e estava se recuperando.
Betão: Essa narrativa é (inaudível) demais.
Engler: O senhor, graças a Deus, nunca tomou uma facada no abdômen. O senhor não sabe como é a recuperação de uma facada.
Betão: Ele rapidamente estava a plenitude.
Engler: O senhor está sendo leviano e desrespeitoso. O senhor, graças ao bom Deus, nunca tomou uma facada no abdômen e não sabe como é a recuperação.
Betão: Ele estava recuperadíssimo.