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Estado de Minas COVID-19

Zambelli, deputada bolsonarista, apaga tuítes sobre compra da Covaxin

Carla Zambelli deletou tuítes em que tratava do imunizante de origem indiana; servidor alega ter sofrido pressão para acelerar importação


26/06/2021 15:20 - atualizado 26/06/2021 16:31

Bolsonarista, Carla Zambelli apagou tuítes sobre Covaxin(foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados)
Bolsonarista, Carla Zambelli apagou tuítes sobre Covaxin (foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados)
A deputada federal bolsonarista Carla Zambelli (PSL-SP) apagou diversos tuítes que tratavam da vacina indiana Covaxin, cujo trâmite para compra é alvo de suspeitas e está na mira do Ministério Público Federal (MPF) e da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da COVID-19. As publicações foram resgatadas pelo Projeto 7c0, que recupera textos deletados por políticos.

 

Veja um dos vídeos apagados: 

 



Em 25 de fevereiro, Zambelli comemorou a oficialização do acordo entre o Ministério da Saúde e o laboratório Bharat Biotech, responsável por produzir o imunizante.



Segundo o resgate, outras 11 postagens que mencionavam a Covaxin foram apagadas. Em muitos posts, Zambelli citava as diferentes vacinas adquiridas pelo governo de Jair Bolsonaro (sem partido), além da quantidade fornecida por cada fabricante. Em outro, ela menciona o preço de importação das doses.



Também pelo Twitter, neste sábado (27/6)Zambelli disse ter apagado os posts sobre a Covaxin pelo fato de o trato entre governo e a farmacêutica indiana não ter saído do papel.

“Eu havia publicado a compra da vacina Covaxin. Mas só há compra quando se recebe o produto e se paga por ele. Por haver informação equivocada, apaguei o Twitte (sic). Melhor isso que tentar evitar a investigação sobre abusar de crianças. Não tenho telhado de vidro, pode vir, Omar”, escreveu, em menção ao senador Omar Aziz (PSD-AM), que preside a CPI da COVID-19.

Em um print postado por Zambelli, ela aparece bloqueada por Aziz na rede social.

‘Bunda gorda’ e ‘Espanhola’


Fiel escudeira de Bolsonaro, Zambelli foi criticada por Aziz nessa sexta-feira (25), durante sessão da CPI que tratava, justamente, das suspeitas em torno da negociação por doses da Covaxin. O parlamentar disse que a deputada paulista “bajula” o presidente.

“O dedinho mindinho do meu marido vale mais que o senhor. Então, pega essa bunda gorda sua que está na CPI sentada e vê se faz alguma coisa de útil e que preste para este país, ao invés de ficar falando merda das pessoas. Tá bom, seu inútil e imbecil?", disse, em vídeo postado nas redes sociais.



Zambelli citou o marido, o coronel AgInaldo de Oliveira, diretor da Força Nacional de Segurança Pública, pelo fato de Aziz ter afirmado que há figuras que não ousam discordar do presidente por causa de cargos de parentes.

O senador rebateu o ataque da deputada bolsonarista dedicando a música “Espanhola”, em versão cantada pela banda 14 Bis. “Acabei de ser ofendido por uma deputada. Como sou diferente do chefe dela e não ofendo ou agrido mulheres, vou apenas oferecer uma música”.

 

 

 

‘Bunda gorda’ e ‘Espanhola’


Fiel escudeira de Bolsonaro, Zambelli foi criticada por Aziz nessa sexta-feira (25), durante sessão da CPI que tratava, justamente, das suspeitas em torno da negociação por doses da Covaxin. O parlamentar disse que a deputada paulista “bajula” o presidente.

“O dedinho mindinho do meu marido vale mais que o senhor. Então, pega essa bunda gorda sua que está na CPI sentada e vê se faz alguma coisa de útil e que preste para este país, ao invés de ficar falando merda das pessoas. Tá bom, seu inútil e imbecil?", disse, em vídeo postado nas redes sociais.



Zambelli citou o marido, o coronel AgInaldo de Oliveira, diretor da Força Nacional de Segurança Pública, pelo fato de Aziz ter afirmado que há figuras que não ousam discordar do presidente por causa de cargos de parentes.

O senador rebateu o ataque da deputada bolsonarista dedicando a música “Espanhola”, em versão cantada pela banda 14 Bis. “Acabei de ser ofendido por uma deputada. Como sou diferente do chefe dela e não ofendo ou agrido mulheres, vou apenas oferecer uma música”.



O que é uma CPI?

As comissões parlamentares de inquérito (CPIs) são instrumentos usados por integrantes do Poder Legislativo (vereadores, deputados estaduais, deputados federais e senadores) para investigar fato determinado de grande relevância ligado à vida econômica, social ou legal do país, de um estado ou de um município. Embora tenham poderes de Justiça e uma série de prerrogativas, comitês do tipo não podem estabelecer condenações a pessoas.

Para ser instalado no Senado Federal, uma CPI precisa do aval de, ao menos, 27 senadores; um terço dos 81 parlamentares. Na Câmara dos Deputados, também é preciso aval de ao menos uma terceira parte dos componentes (171 deputados).

Há a possibilidade de criar comissões parlamentares mistas de inquérito (CPMIs), compostas por senadores e deputados. Nesses casos, é preciso obter assinaturas de um terço dos integrantes das duas casas legislativas que compõem o Congresso Nacional.

O que a CPI da COVID investiga?


O presidente do colegiado é Omar Aziz (PSD-AM). O alagoano Renan Calheiros (MDB) é o relator. O prazo inicial de trabalho são 90 dias, podendo esse período ser prorrogado por mais 90 dias.



Saiba como funciona uma CPI

Após a coleta de assinaturas, o pedido de CPI é apresentado ao presidente da respectiva casa Legislativa. O grupo é oficialmente criado após a leitura em sessão plenária do requerimento que justifica a abertura de inquérito. Os integrantes da comissão são definidos levando em consideração a proporcionalidade partidária — as legendas ou blocos parlamentares com mais representantes arrebatam mais assentos. As lideranças de cada agremiação são responsáveis por indicar os componentes.

Na primeira reunião do colegiado, os componentes elegem presidente e vice. Cabe ao presidente a tarefa de escolher o relator da CPI. O ocupante do posto é responsável por conduzir as investigações e apresentar o cronograma de trabalho. Ele precisa escrever o relatório final do inquérito, contendo as conclusões obtidas ao longo dos trabalhos. 

Em determinados casos, o texto pode ter recomendações para evitar que as ilicitudes apuradas não voltem a ocorrer, como projetos de lei. O documento deve ser encaminhado a órgãos como o Ministério Público e a Advocacia-Geral da União (AGE), na esfera federal.

Conforme as investigações avançam, o relator começa a aprimorar a linha de investigação a ser seguida. No Congresso, sub-relatores podem ser designados para agilizar o processo.

As CPIs precisam terminar em prazo pré-fixado, embora possam ser prorrogadas por mais um período, se houver aval de parte dos parlamentares

O que a CPI pode fazer?

  • chamar testemunhas para oitivas, com o compromisso de dizer a verdade
  • convocar suspeitos para prestar depoimentos (há direito ao silêncio)
  • executar prisões em caso de flagrante
  • solicitar documentos e informações a órgãos ligados à administração pública
  • convocar autoridades, como ministros de Estado — ou secretários, no caso de CPIs estaduais — para depor
  • ir a qualquer ponto do país — ou do estado, no caso de CPIs criadas por assembleias legislativas — para audiências e diligências
  • quebrar sigilos fiscais, bancários e de dados se houver fundamentação
  • solicitar a colaboração de servidores de outros poderes
  • elaborar relatório final contendo conclusões obtidas pela investigação e recomendações para evitar novas ocorrências como a apurada
  • pedir buscas e apreensões (exceto a domicílios)
  • solicitar o indiciamento de envolvidos nos casos apurados

O que a CPI não pode fazer?

Embora tenham poderes de Justiça, as CPIs não podem:

  • julgar ou punir investigados
  • autorizar grampos telefônicos
  • solicitar prisões preventivas ou outras medidas cautelares
  • declarar a indisponibilidade de bens
  • autorizar buscas e apreensões em domicílios
  • impedir que advogados de depoentes compareçam às oitivas e acessem
  • documentos relativos à CPI
  • determinar a apreensão de passaportes

A história das CPIs no Brasil

A primeira Constituição Federal a prever a possibilidade de CPI foi editada em 1934, mas dava tal prerrogativa apenas à Câmara dos Deputados. Treze anos depois, o Senado também passou a poder instaurar investigações. Em 1967, as CPMIs passaram a ser previstas.

Segundo a Câmara dos Deputados, a primeira CPI instalada pelo Legislativo federal brasileiro começou a funcionar em 1935, para investigar as condições de vida dos trabalhadores do campo e das cidades. No Senado, comitê similar foi criado em 1952, quando a preocupação era a situação da indústria de comércio e cimento.

As CPIs ganharam estofo e passaram a ser recorrentes a partir de 1988, quando nova Constituição foi redigida. O texto máximo da nação passou a atribuir poderes de Justiça a grupos investigativos formados por parlamentares.

CPIs famosas no Brasil

1975: CPI do Mobral (Senado) - investigar a atuação do sistema de alfabetização adotado pelo governo militar

1992: CPMI do Esquema PC Farias - culminou no impeachment de Fernando Collor

1993: CPI dos Anões do Orçamento (Câmara) - apurou desvios do Orçamento da União

2000: CPIs do Futebol - (Senado e Câmara, separadamente) - relações entre CBF, clubes e patrocinadores

2001: CPI do Preço do Leite (Assembleia de MG e outros Legislativos estaduais, separadamente) - apurar os valores cobrados pelo produto e as diretrizes para a formulação dos valores

2005: CPMI dos Correios - investigar denúncias de corrupção na empresa estatal

2005: CPMI do Mensalão - apurar possíveis vantagens recebidas por parlamentares para votar a favor de projetos do governo

2006: CPI dos Bingos (Câmara) - apurar o uso de casas de jogo do bicho para crimes como lavagem de dinheiro

2006: CPI dos Sanguessugas (Câmara) - apurou possível desvio de verbas destinadas à Saúde

2015: CPI da Petrobras (Senado) - apurar possível corrupção na estatal de petróleo

2015: Nova CPI do Futebol (Senado) - Investigar a CBF e o comitê organizador da Copa do Mundo de 2014

2019: CPMI das Fake News - disseminação de notícias falsas na disputa eleitoral de 2018

2019: CPI de Brumadinho (Assembleia de MG) - apurar as responsabilidades pelo rompimento da barragem do Córrego do Feijão


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