O presidente Jair Bolsonaro continua a ignorar denúncias de corrupção no governo na negociação de compra de vacinas, e, em conversa com apoiadores na manhã desta quinta-feira, voltou a questionar a segurança da urna eletrônica, dizendo que, "se não tiver voto impresso, vamos ter problemas o ano que vem". Bolsonaro reclamou da articulação entre os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) contra o tema, e afirmou que caso o voto auditável não seja implementado no pleito de 2022, "eles vão ter que apresentar uma maneira de ter eleições limpas". Na verdade, o voto já é auditável nas urnas eletrônicas.
"Estou me antecipando a problemas", declarou o chefe do Executivo. Conforme tem defendido, mesmo sem apresentar provas, Bolsonaro afirma que o "voto auditável" trará a certeza "de que quem eu for votar vai ser eleito". O tema, contudo, não tem apoio nem de sua base dentro do Congresso. Como mostrou o Estadão/Broadcast, presidentes de 11 partidos, que incluíram a base do governo, se reuniram no sábado (26), e fecharam um posicionamento contra o tema. Os caciques das legendas decidiram derrubar a proposta discutida na Câmara.
Bolsonaro, no entanto, não abandonou o discurso contra a alteração do sistema. "Como está aí, a fraude está escancarada", voltou a afirmar. Segundo ele, a suposta adulteração nas urnas eletrônicas têm objetivo de tornar seu adversário político, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vencedor nas eleições de 2022. "Tiraram o Lula da cadeia, tornaram elegível para ele ser presidente na fraude. Isso não vai acontecer".
Em críticas aos desafios que a pauta vem enfrentando no STF, Bolsonaro repudiou a postura dos ministros Luís Roberto Barroso, Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, que atuaram para demover os partidos da ideia de aprovar o voto impresso. No que classificou de "articulação" entre os membros da Corte, Bolsonaro afirmou que, se resistência ao voto impresso prosperar, "esses três ministros vão ter que inventar uma outra maneira de termos eleições confiáveis". Para o presidente, seu pedido é "a expressão da democracia".
Contra o argumento de que a viabilização da votação impressa exigiria grande investimento público, Bolsonaro negou que seja um problema. "Dinheiro tem", garantiu, e acrescentou: "Já está arranjado dinheiro para as eleições, para comprar impressoras".
audima