Um episódio de enfrentamento entre a Polícia Militar e manifestantes registrado em São Paulo serviu para que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fosse às redes sociais neste domingo (4/7) para criticar as manifestações ocorridas país afora contra a gestão do governo federal frente à pandemia do novo coronavírus. Os manifestantes pediram o impeachment de Bolsonaro: nas outras centenas de municípios, nenhuma ocorrência foi registrada.
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Agora, no início desta tarde, usando das imagens do embate entre policiais e manifestantes, Bolsonaro voltou a se manifestar. Dessa vez relacionando eleição e voto impresso – defesa que Bolsonaro faz sem apresentar provas de que o atual sistema de votação, por meio de urna eletrônica, seria corruptível.
“Aos 36 segundos um policial militar é atingido quase mortalmente por uma pedra. Esse tipo de gente quer voltar ao Poder por um sistema eleitoral não auditável, ou seja, na fraude. - Para a grande mídia, tudo normal.”, afirmou o presidente.
Confronto em SP
Mais de 200 cidades espalhadas pelo Brasil e pelo mundo foram palco de manifestações contra Jair Bolsonaro ao longo desse sábado (3/7). Os atos ocorreram de forma pacífica, sem registros de confusão, com exceção a São Paulo, onde houve um embate entre supostos manifestantes e polícia.
Pessoas encapuzadas invadiram e atearam fogo numa agência do banco Santander, na Avenida da Consolação, na capital paulista, no fim do ato contra o governo de Jair Bolsonaro na cidade. Um ponto de ônibus e a fachada de uma concessionária da Hyundai também foram depredados na mesma avenida.
Barricadas foram montadas na via e policiais militares formaram barreiras para conter o avanço de vândalos. De acordo com a PM, algumas pessoas atiraram "coquetéis molotov", mas não houve confronto. Os atos de vandalismo começaram cerca de uma hora depois que o ato deixou a Avenida Paulista. Os bombeiros atenderam a ocorrência e o incêndio na agência bancária foi rapidamente contido. A polícia informou que agentes de trânsito e seguranças de estações de metrô teriam sido hostilizados por manifestantes. Um homem foi preso.
Na Avenida Paulista, durante o ato que teve início no meio da tarde, houve também um rápido confronto entre militantes do PSDB e do PCO. No final da tarde, quando os manifestantes tucanos caminhavam rumo à Consolação, os participantes trocaram provocações. Uma briga pontual terminou com uma bandeira do PSDB queimada no chão. O grupo logo se dispersou e não houve feridos.
O empurra-empurra destoa do discurso de união entre adversários políticos contra Bolsonaro, uma constante atos de ontem. Lideranças partidárias pediram foco contra o presidente apesar das diferenças ideológicas. "Toda nossa energia vai ser concentrada na unidade: unir todos aqueles que querem derrotar o Bolsonaro", defendeu o presidente do PSOL, Juliano Medeiros.
O que é uma CPI?
O que a CPI da COVID investiga?
Saiba como funciona uma CPI
O que a CPI pode fazer?
- chamar testemunhas para oitivas, com o compromisso de dizer a verdade
- convocar suspeitos para prestar depoimentos (há direito ao silêncio)
- executar prisões em caso de flagrante
- solicitar documentos e informações a órgãos ligados à administração pública
- convocar autoridades, como ministros de Estado — ou secretários, no caso de CPIs estaduais — para depor
- ir a qualquer ponto do país — ou do estado, no caso de CPIs criadas por assembleias legislativas — para audiências e diligências
- quebrar sigilos fiscais, bancários e de dados se houver fundamentação
- solicitar a colaboração de servidores de outros poderes
- elaborar relatório final contendo conclusões obtidas pela investigação e recomendações para evitar novas ocorrências como a apurada
- pedir buscas e apreensões (exceto a domicílios)
- solicitar o indiciamento de envolvidos nos casos apurados
O que a CPI não pode fazer?
Embora tenham poderes de Justiça, as CPIs não podem:
- julgar ou punir investigados
- autorizar grampos telefônicos
- solicitar prisões preventivas ou outras medidas cautelares
- declarar a indisponibilidade de bens
- autorizar buscas e apreensões em domicílios
- impedir que advogados de depoentes compareçam às oitivas e acessem
- documentos relativos à CPI
- determinar a apreensão de passaportes
A história das CPIs no Brasil
CPIs famosas no Brasil
1992: CPMI do Esquema PC Farias - culminou no impeachment de Fernando Collor
1993: CPI dos Anões do Orçamento (Câmara) - apurou desvios do Orçamento da União
2000: CPIs do Futebol - (Senado e Câmara, separadamente) - relações entre CBF, clubes e patrocinadores
2001: CPI do Preço do Leite (Assembleia de MG e outros Legislativos estaduais, separadamente) - apurar os valores cobrados pelo produto e as diretrizes para a formulação dos valores
2005: CPMI dos Correios - investigar denúncias de corrupção na empresa estatal
2005: CPMI do Mensalão - apurar possíveis vantagens recebidas por parlamentares para votar a favor de projetos do governo
2006: CPI dos Bingos (Câmara) - apurar o uso de casas de jogo do bicho para crimes como lavagem de dinheiro
2006: CPI dos Sanguessugas (Câmara) - apurou possível desvio de verbas destinadas à Saúde
2015: CPI da Petrobras (Senado) - apurar possível corrupção na estatal de petróleo
2015: Nova CPI do Futebol (Senado) - Investigar a CBF e o comitê organizador da Copa do Mundo de 2014
2019: CPMI das Fake News - disseminação de notícias falsas na disputa eleitoral de 2018
2019: CPI de Brumadinho (Assembleia de MG) - apurar as responsabilidades pelo rompimento da barragem do Córrego do Feijão