Nos últimos dias, o prefeito de Itabira, na Região Central de Minas, Marco Antônio Lage (PSB), foi alvo de críticas que o apontaram sendo uma pessoa racista e que não gosta de pobre. A polêmica surgiu após uma live em que ele se posicionava contra a construção de um presídio de grande porte no município.
Ele se defendeu por meio de um vídeo, publicado na noite de quinta-feira (8/7).
Ele se defendeu por meio de um vídeo, publicado na noite de quinta-feira (8/7).
Leia Mais
Governistas mostram versão e negam que 1ª invoice da Precisa foi enviada em 18/3Datafolha: Lula amplia vantagem sobre Bolsonaro no 1º turno e tem 46% a 25%Aziz quer acareação entre Onyx e Miranda: 'Ver quem está mentindo'Rodrigo Pacheco: 'Eleições são inegociáveis'Em Reunião Ordinária da Câmara, na última terça-feira (6/7), a vereadora Rosilene Felix (MDB), entendeu que houve declarações racistas e enviou um requerimento à diretoria de Promoção de Igualdade Racial, pedindo explicações.
A gestão municipal anterior havia aceitado a construção de um presídio de grande porte em Itabira com 600 vagas. O atual prefeito recusou um investimento de R$ 25 milhões e entende que para aceitar haveria a necessidade de um estudo de impacto social e econômico e vem discutindo com o estado a construção de um presídio de pequeno porte, para 300 detentos.
Itabira tinha um presídio de 190 vagas, que está desativado desde 2019 por estar na área de mancha da Barragem do Itabiruçu.
Assim, na semana passada, o prefeito, em uma live, se posicionou contra a instalação de uma casa de detenção de grande porte, momento em que citou que “infelizmente o sistema prisional brasileiro só pune e prende os mais pobres e os negros, as pessoas que estão marginalizadas, à margem da sociedade”.
Segundo Lage, sua frase foi retirada do contexto e usada de forma maliciosa nas redes sociais e no discurso da vereadora na Câmara, que rejeita o argumento do prefeito. Ele vai acionar judicialmente todos que fizeram postagens o acusando de racismo.
“Nesta semana chegaram ao cúmulo de sugerir que eu sou racista. Que eu tenho aversão a pobres ou a presos. Distorceram falas, tiraram frases de contexto. Quiseram pintar em mim uma pessoa que é totalmente o avesso do que foi a minha vida até aqui. E é em nome dessa trajetória e de tudo que já construí que me posiciono”, pontuou o prefeito em vídeo postado na última quinta-feira (8/7) em sua rede social.
"Eu desafio a apontar quem fez mais por presos em Minas Gerais do que eu", disse Lage. Ele atuou por 12 anos no Instituto Minas Pela Paz, da Fiemg, que tem diversos programas que priorizam a formação e a qualificação profissional de pessoas privadas de liberdade.
Vereadora diz que declaração do prefeito foi infeliz
A vereadora Rosilene Felix (MDB) explica que não retirou a fala do prefeito de contexto e que ele foi infeliz na declaração.
“Um prefeito de uma cidade fazer as avaliações que ele fez, da forma como ele pontuou, abre uma discussão. Eu sei o que é sofrer uma discriminação, sou uma mulher preta. Quando o prefeito diz que um presídio atrai uma população de famílias, de presos, que é uma população preta, de baixa escolaridade e aponta que os presos são sustentados pelo Comando Vermelho, por organizações criminosas, a fala dele induz à presunção lógica de que todo preto tem uma tendência à criminalidade”, disse a vereadora à reportagem.
Rosilene fez um requerimento, nos termos do Art 227, inciso XIII do Regimento Interno da Câmara, e o prefeito, através da Diretoria de Promoção Para Igualdade Racial, terá que responder ao Legislativo sobre as suas falas.
“Reconheço, sim, que as pessoas pretas passam por grande desigualdade social, mas, apesar disso, a fala do prefeito em relação ao município de Itabira – de não aceitar ter um presídio de grande porte – e o fundamento dele foi de não querer aumentar a população pobre da cidade. Em resumo, deixa uma margem muito grande de discussões. Por isso eu quero esclarecimento com base em dados reais da nossa cidade”, explica a vereadora.