O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) falou, neste sábado (10/7), pela primeira vez, sobre o caso da compra das vacinas Covaxin. Ele afirmou que não podia agir diante das denúncias apresentadas a ele pelos irmãos Miranda sobre a compra da vacina contra a COVID-19 Covaxin. O deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) e seu irmão, o servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda, reuniram-se com o governante em março deste ano e apresentaram as suspeitas levantadas na negociação para compra dos imunizantes.
“Eu não posso simplesmente, ao chegar qualquer coisa para mim, tomar providência. Tomei providência nesse caso”, afirmou Bolsonaro, em entrevista à Rádio Gaúcha.
Apesar do aviso, o governo seguiu com o negócio em que prevê pagar pelo imunizante um preço 1.000% maior do que o anunciado pela própria fabricante seis meses antes. Ele, contudo, foi suspenso pelo Executivo em 29 de junho, depois de o caso se tornar público.
As suspeitas já haviam sido levadas para o então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que nada fez. Na ocasião, o irmão do deputado federal, que é chefe de importação do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, chegou a ser demitido após denunciar o esquema de corrupção no processo de compra da vacina indiana Covaxin. A exoneração chegou a ser revertida.
O governo comprou a Covaxin por um preço 1.000% maior do que, seis meses antes, era anunciado pela própria fabricante. Telegrama sigiloso da embaixada brasileira em Nova Délhi de agosto do ano passado informava que o imunizante produzido pela Bharat Biotech tinha o preço estimado em 100 rúpias (US$ 1,34 a dose). Em fevereiro deste ano, o Ministério da Saúde pagou US$ 15 por unidade (R$ 80,70, na cotação da época) - a mais cara das seis vacinas compradas até agora.
Diferentemente dos demais imunizantes, negociados diretamente com seus fabricantes (no Brasil ou no exterior), a compra da Covaxin pelo Brasil foi intermediada pela Precisa Medicamentos.