Após o Judiciário e o Congresso criticarem os ataques de Jair Bolsonaro à realização de eleições, presidentes de oito partidos reagiram às declarações do presidente da República e divulgaram neste sábado, 9, uma nota em defesa da democracia, na qual afirmam que "nenhuma forma de ameaça" a ela "pode ou deve ser tolerada".
"Quem se colocar contra esse direito (eleições) de livre escolha do cidadão terá a nossa mais firme oposição", afirmam os presidentes do MDB, DEM, PSDB, Solidariedade, Cidadania, PSL, PV e Novo. "A democracia é uma das mais importantes conquistas do povo brasileiro, uma conquista inegociável. Nenhuma forma de ameaça à democracia pode ou deve ser tolerada. E não será.", diz o texto.
O posicionamento das siglas se deu depois que Bolsonaro subiu o tom e chamou o presidente do TSE, Luis Roberto Barroso, de "imbecil" e "idiota", atribuindo ao ministro articulações para barrar a aprovação da proposta que institui o voto impresso no Brasil - ontem, o presidente, em viagem ao Rio Grande do Sul, voltou a criticar o ministro.
A escalada de críticas e acusações de Bolsonaro ao sistema de urna eletrônica ocorrem no pior momento do governo, que enfrenta queda de popularidade, de acordo com pesquisas, além do desgaste diante das denúncias de corrupção na CPI da Covid e do descaso na condução da pandemia. Além disso, aumentam as manifestações de rua pedindo o impeachment de Bolsonaro, em atos organizados por partidos de esquerda e movimentos sociais e também por grupos como MBL e o Vem Pra Rua.
Seis desses mesmos dirigentes que assinaram a nota compõem o grupo de 11 signatários de uma carta contra a adoção do voto impresso, proposta em discussão na Câmara. No documento, eles reafirmaram a confiança no sistema atual de votação.
"Temos total confiança no sistema eleitoral brasileiro, que é moderno, célere, seguro e auditável. São as eleições que garantem a cada cidadão brasileiro o direito de escolher livremente seus representantes e gestores. Sempre vamos defender de forma intransigente esse direito, materializado no voto."
Assinam a nota os dirigentes partidários ACM Neto (DEM), Baleia Rossi (MDB), Bruno Araújo (PSDB), Eduardo Ribeiro (Novo), José Luiz Penna (PV), Luciano Bivar (PSL), Paulinho da Força (Solidariedade) e Roberto Freire (Cidadania).
'Oportunismo'
Aliado de Bolsonaro, o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), que até então não havia comentando as declarações do presidente, afirmou no sábado que as "instituições são fortalezas que não se abalarão com declarações públicas e oportunismo". Lira, no entanto, não fez menção ou referência a Bolsonaro na postagem que escreveu no Twitter.
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