Jornal Estado de Minas

Crise

Bolsonaro volta a atacar Barroso e CPI da COVID


Depois de participar de motociata em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, ontem, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) criticou novamente o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), citando bandeiras do ministro que, para Bolsonaro, incluem uma lei que "beira à pedofilia". "Quero perguntar ao ministro Barroso, do Supremo Tribunal Federal… Ministro esse que defende a redução da maioridade para estupro de vulnerável. Ou seja, beira à pedofilia o que ele defende. Ministro que defende o aborto, a liberação das drogas. Com essas bandeiras todas ele não tinha que estar no Supremo, tinha que estar no Parlamento", declarou em discurso a apoiadores após a motociata.





O presidente já havia defendido a volta do voto impresso e assim o fez novamente ontem, comentando a pesquisa DataFolha que aponta o ex-presidente Lula à frente na corrida eleitoral do ano que vem. "Aquele de nove dedos tem 60%, segundo o DataFolha, vamos fazer o voto impresso e auditável da deputada Bia Kicis, que está aqui, para ver se ele ganha realmente no primeiro turno”, afirmou.

Barroso foi novamente alvo de ataques do presidente, que reforçou mais uma vez o discurso da 'roubalheira', ao defender o voto impresso. "O que o Barroso quer, o ministro do STF, é a volta da roubalheira, a volta da impunidade através da fraude eleitoral. (...) Não adianta querer me ameaçar, porque ele não tem moral para mover um processo contra um batedor de carteira, esse ministro”, alfinetou.

Numa breve pausa na motociata de que participou em Porto Alegre (RS), Bolsonaro gravou vídeo para sua página no Facebook, e fez acenos a apoiadores. "O que simboliza isso aqui é a nossa liberdade, o nosso compromisso com a democracia. Não abriremos mão da nossa democracia e da nossa liberdade, do nosso direito que está na Constituição, quem pensa o contrário está no caminho errado", declarou o presidente. Assim como aconteceu em atos anteriores, Bolsonaro não usou máscara

Cloroquina 
O presidente defendeu mais uma vez o uso da cloroquina em seu discurso, falando do estado de saúde de um dos senadores da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da COVID. "Tem agora um elemento, um senador da CPI que está com COVID, quero saber se ele vai ficar em casa ou se vai tomar cloroquina", disse Bolsonaro, sem citar o nome do senador. Na sexta-feira, o senador Otto Alencar (PSD-BA) confirmou que está com COVID-19. Com 73 anos, ele já tomou as duas doses da vacina, apresenta sintomas leves e tem acompanhamento médico no seu estado.





Bolsonaro reafirmou, ainda, que não responderá à carta dos senadores da CPI da COVID que pedem explicações sobre a compra da vacina Covaxin. Na resposta, o governante chamou os parlamentares de “bandidos”. "Não vou responder. Não tenho obrigação de responder. Ainda mais carta para bandidos, três bandidos", disse Bolsonaro, em entrevista à Rádio Gaúcha. A declaração foi dada ontem pela manhã, pouco antes de o presidente iniciar uma motociata pelas ruas de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul. Segundo a Gaúcha, os três citados por Bolsonaro são os senadores Omar Aziz (PSD-AM), Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Renan Calheiros (MDB-AL). Eles são, respectivamente, presidente, vice-presidente e relator da CPI da COVID, instalada pelo Senado.

Pela primeira vez, Bolsonaro falou sobre o caso da compra das vacinas Covaxin. Ele afirmou que não podia agir diante das denúncias apresentadas a ele pelos irmãos Miranda sobre a compra da vacina contra a COVID-19 Covaxin. O deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) e seu irmão, o servidor do Ministério da Saúde Luís Ricardo Miranda, reuniram-se com o governante em março deste ano e apresentaram as suspeitas levantadas na negociação para compra dos imunizantes. “Eu não posso simplesmente, ao chegar qualquer coisa para mim, tomar providência. Tomei providência nesse caso”, afirmou Bolsonaro, em entrevista à emissora.

"A compra seria de 400 milhões de doses? A compra seria mil por cento sobre o faturamento? É o que a CPI andou falando", disse. "Dose de US$ 15, passou para US$ 150. Você multiplica 400 milhões de doses vezes US$ 150, vezes R$ 5. Isso dá R$ 300 bilhões. Isso é uma coisa absurda, meu Deus do céu. Eu assinei uma MP de R$ 20 bilhões para comprar vacina para todo mundo", afirmou. “Nenhuma dose da Covaxin foi paga", destacou Bolsonaro, a apoiadores, após motociata pelas ruas de Porto Alegre.





Resposta 
O Supremo Tribunal Federal (STF) informou ontem que o ministro Luís Roberto Barroso, na verdade, fez justamente o contrário do que afirmou Bolsonaro. Em evento realizado em Porto Alegre, o presidente afirmou que o ministro Luís Roberto Barroso defende a redução da maioridade para estupro de vulneráveis e que isso beira à defesa da pedofilia. “Quero perguntar ao ministro Barroso, do Supremo Tribunal Federal, ministro esse que defende a redução da maioridade para estupro de vulnerável. Ou seja, beira à pedofilia o que ele defende.”

Mas, segundo o STF, o ministro votou pela continuidade da ação penal contra um jovem de 18 anos que manteve relações com uma menina de 13. Essa foi a informação divulgada na série #VerdadesdoSTF, na qual informações deturpadas atribuídas à corte e aos seus ministros são objeto de checagem e correção, a fim de evitar a propagação de fake news.

Durante julgamento do Habeas corpus 122.945, em março de 2017, Barroso abriu divergência e esteve na corrente vencedora que manteve a ação penal por estupro de vulnerável contra o rapaz. Foi ele o redator do acórdão para o prosseguimento do processo. “Em seu voto, o ministro considerou que, embora os autos trouxessem elementos de consentimento da suposta vítima, o fato de ela ser menor de 14 anos justificava a continuidade do processo, em nome da proteção da infância e da adolescência”, informou o STF.





enquanto isso...

...Opositores são presos
no Rio Grande do Sul

Uma mulher que protestou batendo panela contra a motociata do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em Porto Alegre e um cozinheiro que manifestou nas redes sociais sua insatisfação em ter que cozinhar para o presidente foram presos ontem. A Brigada Militar do Rio Grande do Sul prendeu a mulher. O caso teve grande repercussão no Twitter. O vereador de Porto Alegre Matheus Gomes (Psol) escreveu na rede social que conversou com testemunhas para tomar medidas sobre o fato. "Abuso policial! Uma cidadã de Porto Alegre acabou de ser presa por bater panela, enquanto acontecia a motociata de Bolsonaro! Isso é um absurdo!”, escreveu o vereador. O governador do Rio Grande do sul, Eduardo Leite (PSDB), em postagem no Twitter, prometeu que o caso será investigado. O caso ocorreu dois dias depois da condução do cozinheiro Eduardo Lazzari. Ele prestou depoimento à polícia, depois de reclamar que precisaria cozinhar para o presidente em um hotel situado na cidade de Bento Gonçalves (RS).  “Vou ter que cozinhar para este diabo ainda, que raiva”, escreveu no seu Facebook o cozinheiro. A postagem causou reação do deputado federal Bibo Nunes (PSL-RS). O parlamentar acusou o cozinheiro de ameaçar o presidente de "morte explícita" e acionou a Agência Brasileira de Inteligência (Abin).


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