Em meio à trágica marca de 532.949 mortes pelo coronavírus no país, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não fez nenhuma visita a hospitais - que ainda sofrem com falta de leitos e medicamentos - e postos de vacinação desde o início da pandemia. No entanto, nos últimos meses, o titular do Palácio do Planalto participou de motociatas em Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo, Chapecó e Porto Alegre. Agora planeja um grande "passeio" no 7 de Setembro, em Brasília.
Acuado por uma CPI sobre sua gestão da pandemia e enfrentando quedas de popularidade e pedidos de impeachment, o presidente reuniu apoiadores nesse sábado (10/7) em Porto Alegre. Uma mulher que protestava contra o ato batendo em uma panela foi presa pela Brigada Militar do Rio Grande do Sul. O caso teve grande repercussão no Twitter. O vereador de Porto Alegre Matheus Gomes (PSOL) escreveu na rede social que conversou com testemunhas para tomar medidas sobre o fato.
"Abuso policial! Uma cidadã de Porto Alegre acabou de ser presa por bater panela, enquanto acontecia a motociata de Bolsonaro! Isso é um absurdo! É repressão ao direito de manifestação! Acabei de conversar com pessoas que presenciaram o fato e estamos vendo como auxiliar", escreveu o vereador.
“Não abriremos mão da nossa democracia, da nossa liberdade, dos nossos direitos, garantidos em nossa Constituição. Quem pensa o contrário está no caminho errado”, disse o presidente aos espectadores do vídeo ao vivo.
Em outra recente declaração, o presidente confirmou que os motociclistas não vão mais pagar pedágio nas rodovias que vierem a ser concedidas à iniciativa privada.
No último dia 26, o passeio de moto passou por Chapecó, em Santa Catarina e contou com quase 30 mil motocicletas e a participação de 40 mil pessoas, de acordo a organização do encontro.
A motociata provocou a paralisação do trânsito na BR-282 e teve policiamento dos comandos da 4ª Região de Chapecó, da 2ª Região de Lages, da 9ª Região de São Miguel do Oeste, e da 10ª Região de Joaçaba. Além desses, grupos do policiamento com moto, Polícia Militar Rodoviária e cavalaria também acompanharam o movimento. O governo do Estado não informou os custos da operação.
Os eventos também foram realizados em Brasília (9 de maio), Rio de Janeiro (23 de maio) e São Paulo (12 de junho) e levantaram discussões sobre violações de medidas sanitárias e de distanciamento, além de questionamentos sobre os gastos com mobilização de órgãos de estado e recursos para custear a operação das manifestações.
Em junho, a capital mineira também entrou no radar do presidente Bolsonaro. Na ocasião, o prefeito Alexandre Kalil (PSD) reforçou em entrevista ao jornal Estado de Minas os temores sobre as consequências que a eventual manifestação bolsonarista podia proporcionar ao cenário da pandemia de COVID-19 na cidade.
Kalil também afirmou que o chefe do poder Executivo nacional seria multado caso descumprisse regras de combate à infecção, como o uso obrigatório de máscaras.
"Já pedi a ele, inclusive via imprensa, para não vir. Cuidamos muito da cidade.Cito sempre essa frase: 'muito ajuda quem pouco atrapalha'", disse o prefeito.
Queda de popularidade
Conforme pesquisa Datafolha divulgada nesse sábado, a maioria da população brasileira defende a abertura de um processo de impeachment do presidente Bolsonaro. É a primeira vez que esse desejo se torna majoritário na sondagem, desde que o instituto começou a questionar os brasileiros sobre o tema, em abril de 2020.
De acordo com a pesquisa, 54% dos entrevistados afirmaram que são a favor da ação pela Câmara dos Deputados, na comparação com 42% que se mostram contrários à ideia.
A última pesquisa eleitoral também divulgada pelo Instituto Datafolha mostrou que ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ampliou a vantagem sobre Jair Bolsonaro nas intenções de voto para as eleições 2022.
No levantamento estimulado – quando são apresentados os possíveis candidatos ao eleitor –, Lula lidera a corrida no primeiro turno, com 46% das intenções. Bolsonaro aparece com 25%.
Balanço
Conforme boletim epidemiológico da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), divulgado neste domingo (11/7),Minas Gerais somou 160 mortes por causa do coronavírus em 24 horas e %u200Bcontabiliza 48.102 óbitos desde o início da pandemia.
O rasil contabilizou 1.172 mortes pela COVID-19 e chegou à marca de 532.949 vias perdidas pela doença, segundo dados compilados pelo consórcio de veículos de imprensa.
A quantidade de novos casos registrados foi de 45.814. A média móvel de novas infecções, 46.472, caiu 34% em relação há duas semanas. Desde o início da pandemia, 19.065.788 já se infectaram com o novo coronavírus no país.
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