O servidor do Ministério da Saúde que denunciou suspeitas de irregularidades no processo de importação da vacina indiana Covaxin presta depoimento à Polícia Federal, nesta quarta-feira, 14. Luís Ricardo Miranda afirma que recebeu pressões "atípicas" de superiores para viabilizar a compra dos imunizantes.
A denúncia foi um dos fatores que levaram à demissão do então diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, e à suspensão do contrato de R$ 1,6 bilhão para a compra de 20 milhões de doses.
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No dia 24 de junho, cerca de três meses depois de Bolsonaro ser informado por Miranda sobre as possíveis irregularidades no processo de aquisição da vacina, o presidente ainda não havia acionado a PF para investigar o caso.
De acordo com os irmãos Miranda, no diálogo, em março, o presidente se prontificou a reportar as suspeitas à PF.
O inquérito para investigar as denúncias apresentadas por Luis Miranda a Bolsonaro só foi instaurado no dia 30 de junho por ordem do ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres.
Entre as supostas irregularidades apontadas pelo servidor, o fato de primeira "invoice" apresentada pela empresa contratada (uma espécie de nota fiscal necessária para a importação) não estar de acordo com o contrato. Uma das inconsistências seria o pedido de pagamento antecipado de US$ 45 milhões.
As vacinas são produzidas pelo laboratório indiano Bharat Biotech. A negociação foi intermediada pela Precisa Medicamentos. O grupo empresarial ao qual essa empresa pertence tem movimentações financeiras atípicas e está no foco da CPI da COVID.
Luis Ricardo Miranda era o chefe da Divisão de Importação do ministério. Ele e o irmão afirmam que a pressão partiu do então chefe imediato, tenente-coronel Alex Marinho, coordenador de logística; de Roberto Dias, então diretor de logística; do então secretário-executivo da pasta, coronel Elcio Franco; e do coronel Marcelo Pires, assessor de Elcio.