O servidor do Ministério da Saúde, Luís Ricardo Miranda, afirmou em depoimento à Polícia Federal que não gravou a conversa com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre as suspeitas de irregularidades na compra da vacina indiana Covaxin. Ele foi prestar esclarecimentos à PF na quarta-feira (14/7) após declarações na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da COVID no Senado Federal indicarem prevaricação do presidente no caso.
Luís Miranda (DEM-DF), irmão de Luís Ricardo, foi o responsável por levar o servidor do MS até o Palácio da Alvorada em março para relatar as suspeitas envolvendo a Covaxin a Bolsonaro. Segundo relato dos irmãos, Bolsonaro prometeu tomar providências, mas não pediu abertura de investigação à PF.
Por isso, o Supremo Tribunal Federal (STF) ordenou a abertura da investigação pelo crime de prevaricação por parte do presidente. O inquérito foi solicitado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que acompanha a investigação. A versão da defesa do presidente é que ele pediu ao então ministro da Saúde Eduardo Pazuello que verificasse eventuais problemas no contrato.
No depoimento à CPI, Luís Miranda disse não ter gravado o presidente e confirmou a afirmação para a Polícia Federal. A informação do depoimento foi confirmada ao jornal "O Globo" por fontes que acompanham o caso.
No entanto, após o depoimento na CPI, em entrevista no programa "Roda Viva", o deputado sugeriu que seu irmão poderia ter gravado a conversa.
Participaram da reunião no Planalto Luís Miranda, Luís Ricardo Miranda e um ajudante de ordens do presidente, segundo seu relato.
A PF abriu dois diferentes inquéritos sobre o assunto: sobre a prevaricação do presidente e outro aberto após ofício do Ministério da Justiça, para apurar se houve irregularidades no contrato da Covaxin. Esse contrato também é alvo de uma investigação criminal em tramitação no Ministério Público Federal do Distrito Federal.