Na mira do presidente Jair Bolsonaro para ser indicado a ministro chefe da Casa Civil, o senador Ciro Nogueira (PP) é investigado em três inquéritos que correm no Supremo Tribunal Federal (STF). Em dois deles, o Ministério Público Federal já ofereceu denúncia, mas elas ainda não foram aceitas pela Corte. As investigações correm no âmbito da Operação Lava-Jato e o parlamentar é acusado de receber e pagar propina.
Em março deste ano, o ministro Edson Fachin determinou o arquivamento parcial do inquérito 4.631, em relação ao senador Ciro Nogueira (PP-PI) e aos deputados federais Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) e Eduardo Henrique da Fonte (PP-PE). Eles eram investigados por corrupção passiva, corrupção ativa, evasão de divisas e lavagem de capitais.
No entanto, o senador ainda é alvo de acusações no tribunal. No inquérito 4.720, Ciro Nogueira é acusado de obstrução de Justiça por supostamente tentar impedir o avanço de diligências sobre uma organização criminosa.
Na ação, a Procuradoria-Geral da República (PGR) afirma que Ciro Nogueira e Eduardo da Fonte, ameaçaram, deram dinheiro, prometeram cargos e pagaram despesas pessoais a José Expedido, que é testemunha em outro inquérito que envolve os parlamentares e um ex-assessor de Ciro.
Leia Mais
Ciro Nogueira deve comandar a Casa Civil no lugar de Luiz Eduardo RamosMãe de Ciro Nogueira assume vaga no Senado se senador virar ministroBolsonaro diz que 'pequena reforma ministerial' deve ocorrer segunda-feiraMarcos do Val diz que Ciro Nogueira na Casa Civil é 'boa notícia' para CPIMaia ironiza mudança nos ministérios: 'Perder para o Onyx é uma humilhação'Paulo Guedes confirma 'mudanças estruturais' no Ministério da EconomiaMarília Campos, prefeita de Contagem, tem WhatsApp clonadoCotado para Casa Civil, Ciro Nogueira já chamou Bolsonaro de 'fascista'No inquérito 4.407, que tramita no âmbito da Operação Lava-Jato, Ciro Nogueira é acusado de receber R$ 300 mil em propina da Odebrecht, em repasses de campanha não declarados.
"Os colaboradores afirmam que, nos anos de 2010 e 2014, o senador Ciro Nogueira os procurou para pedir que a empresa efetuasse repasses financeiros, a pretexto de sua campanha eleitoral e para o Partido Progressista", escreve o Ministério público na denúncia, citando delações de Claudio Melo Filho, ex-diretor do Setor de Relações Institucionais da Odebrecht, e Benedicto Barbosa, ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura.
Uma das investigações está parada após um pedido de vistas do ministro Gilmar Mendes. Um segundo inquérito aguarda apresentação da denúncia, e o terceiro, aceitação das acusações pelo Supremo.
O PP é o partido com a maior quantidade de políticos envolvidos na Lava-Jato. Foram 31 processos contra parlamentares da sigla, sendo que 12 obtiveram decisões negativas no Supremo, com a continuidade das investigações ou condenações. Oito alvos tiveram as denúncias rejeitadas e os casos arquivados.
Os demais, que não foram arquivados, ou tiveram denúncia aceita, ainda tramitam na mais alta corte de Justiça do país. A chegada de Ciro Nogueira ao governo, se confirmada, representa o ingresso do Centrão, maior bloco político do Congresso, na cúpula do Poder Executivo.
A nomeação dele seria uma forma de obter apoio no parlamento para evitar um impeachment e reações, caso Bolsonaro vete o aumento do fundo eleitoral para R$ 5,7 bilhões em 2022.