De acordo com o documento, as declarações falsas ou enganosas de Bolsonaro contribuíram para a aumentar o número de casos de COVID-19 no País. Desde que o chefe do Executivo assumiu o mandato, em 2019, Bolsonaro fez 2.187 declarações falsas ou distorcidas, uma média de três por dia.
No entanto, o volume diário de desinformação espalhada foi significativamente maior em 2020 em meio à pandemia da COVID-19, crise econômica e eleições municipais.
O documento destaca algumas falas de Bolsonaro, como ao chamar a doença de "gripezinha", e "promoção de discursos antivacinas e anti-isolamento, piorando as taxas de infecção e causando uma crise de informação com discursos altamente polarizados".
No combate contra a COVID-19, a Artigo 19 faz críticas à falta de transparência nos números da pandemia em alguns países, entre eles o Brasil. O texto pontua que 35% dos pedidos de informação feitos durante o governo Bolsonaro foram respondidos com informações incorretas, 25% com desinformação intencional, 20% com censura de informações e 5% com informações parciais. Só 15% dos pedidos foram respondidos de forma completa.
Liberdade de expressão
Na escala de liberdade de expressão utilizada pela ONG, que vai de 0 a 100 e é calculada a partir de 25 indicadores, o Brasil teve 52 pontos. É a pior pontuação da série, que começou em 2010, e é a mesma da Colômbia e do Gabão, ficando logo abaixo do Haiti, que teve 53 pontos. As melhores pontuações foram da Dinamarca e Suíça, com 95, e a pior foi da Coreia do Norte, que zerou.
No ranking mundial de liberdade de expressão, o Brasil hoje ocupa a posição 85 entre 160 países. Dez anos atrás, o País tinha a nota 89 e era um dos com pontuação mais alta no ranking. Agora, nações como a Hungria e a Indonésia estão em posições melhores que a do Brasil. Em 2015, o País ficou em 86.
"Nos últimos cinco anos, o Brasil deixou de estar entre os países com maior pontuação do mundo a ser considerada uma crise de democracia e expressão - e agora uma crise de saúde pública também", diz o documento. O relatório ainda classifica que o País é a "tempestade perfeita de expressão contemporânea questões: populismo autocrático, desinformação, aguda desigualdade e controle tecnológico".
Ataques à imprensa
De acordo com a Artigo 19, em 2020 foram registradas 254 violações contra jornalistas e comunicadores. Destes, quase metade (123 violações) foram perpetradas por agentes públicos. Ao mesmo tempo, um total de 46 casos (18%) eram racistas, sexistas ou tendencioso contra a comunidade LGBTQI+.
Ainda no mesmo ano, a ONG registrou 464 declarações públicas feita pelo presidente da República, seus ministros ou conselheiros próximos que atacaram ou deslegitimam jornalistas e seu trabalho.
"Os filhos de Bolsonaro, que ocupam cargos públicos, foram os perpetradores de muitos ataques", pontua o documento.