Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) chamaram, nos bastidores, de "patética" e de "absurda" a live da última quinta-feira (29/7) do presidente Jair Bolsonaro, criticando-o amplamente. O mandatário anunciou a transmissão dizendo que levaria provas de fraude nas eleições de 2018, mas apresentou vídeos antigos já desmentidos e admitiu que "não tem como se comprovar que as eleições não foram ou foram fraudadas".
Mesmo admitindo a questão, Bolsonaro jogou para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a responsabilidade de provar que não há fraude - o que é chamado de inverter o ônus da prova, algo que foi comentado pelos ministros. Ou seja, o presidente quer que o tribunal prove que não há fraude, quando no sistema do Judiciário a situação é inversa - quem diz que houve fraude é que deve provar.
Bolsonaro foi desmentido pelo TSE em tempo real. No decorrer da transmissão, o tribunal utilizou a rede social Twitter para combater a desinformação.
O presidente do STF, Luiz Fux, prepara para a próxima semana um discurso na reabertura do ano Judiciário no qual irá falar sobre democracia, e como cada instituição e ator institucional precisa atuar dentro dos seus limites, sem extrapolar, para a democracia se manter firme.
Uma das questões apresentadas pelo presidente é a de que, em 2018, diversos eleitores tentaram votar 17, número do então candidato Bolsonaro, mas que aparecia apenas o número 13, do então candidato do PT Fernando Haddad. Na época das eleições, um vídeo que sustentava a informação circulou nas redes sociais, mas foi desmentido pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de Minas Gerais.
Há tempos, o presidente tem dito que é preciso que haja o chamado 'voto impresso auditável', questionando o sistema eleitoral usado por ele nos 24 anos ocupados na Câmara dos Deputados e também usado nas eleições de 2018, quando Bolsonaro foi eleito presidente da República. Ele questiona o sistema alegando que se não for eleito em 2022, será fraude.
Também já chegou a dizer que só haverá eleições se houver voto impresso. Há na Câmara uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) instituindo o voto impresso, proposto pela deputada bolsonarista Bia Kicis (PSL-DF), mas não tem apoio para ser aprovada. Governo tenta reverter cenário de derrota.