O presidente Jair Bolsonaro voltou a dirigir ofensas ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso. Nesta segunda-feira (2/8), o chefe do governo acusou o magistrado de se opor à adoção do voto impresso por querer manipular as eleições de 2022.
"Ele [Barroso] quer eleições que possam ser manipuladas ou no mínimo que possam gerar dúvidas no futuro", disse o presidente, durante entrevista à Rádio ABC, do Rio Grande do Sul. "Não pode meia dúzia de servidores, juntamente com o presidente do TSE, o ministro Barroso, contar os votos numa sala secreta. Ele anuncia o resultado que achar que é o verdadeiro, porque as urnas não são auditáveis, e fica por isso mesmo", acrescentou. Na verdade, a urna eletrônica permite recontagem de votos e é, sim, auditável.
Ainda durante a entrevista, Bolsonaro disse que Barroso precisa compreender os limites de sua atuação. "Ele virou semideus? Ele acha que é intocável? Quem o seu Barroso pensa que é?", questionou. "Todos os poderes têm limites, eu tenho limites. Por que alguns do Supremo acham que são donos da verdade e que podem tudo, e ninguém pode reclamar de nada? Ele tem que 'baixar a crista' dele um pouquinho e se adequar a realidade", completou.
O presidente voltou a questionar, sem apresentar provas, a lisura do processo eleitoral brasileiro. Segundo ele, as eleições municipais de São Paulo, em 2020, foram "mais do que suspeitas".
"O pessoal me cobra prova de fraudes. Olha, os indícios que levam a prova. Em São Paulo, as eleições do ano passado na capital, com 0,39% [de urnas apuradas], o sistema travou e ficou parado por mais de uma hora. Quando parou, tinha uma classificação do primeiro ao oitavo com um percentual de votos. Quando destravou, esses mesmos nessa ordem foram mantidos e mais ainda com os mesmos percentuais. Isso é impossível acontecer. Quer indício maior do que esse de que as eleições de São Paulo foram mais do que suspeitas?", disse.