Durante os questionamentos feitos pelo senador governista Marcos Rogério (DEM-RO) na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da COVID no Senado, nesta terça-feira (3/8), o depoente, o reverendo Amilton de Paula, chorou e pediu perdão ao Brasil.
Acusado de usar a fé para negociar vacinas e levar o “nome de Deus” em vão, Amilton afirmou que os atos que cometeu “não agradaram primeiramente aos olhos de Deus”.
“A minha família é de pastores, nasci no berço evangélico. Fui presidente jovem (começa a chorar). Creio que o meu maior erro foi abrir a porta da minha casa em um momento em que eu estava enfrentando a perda de um ente querido e eu queria vacina para o Brasil”, disse o reverendo. “Eu tenho culpa sim. Hoje de madrugada dobrei meus joelhos e chorei. Peço desculpas ao Brasil, o que eu fiz não agradou aos olhos de Deus”, disse.
O reverendo foi interrompido pelo presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM). “Perjúrio pastor, prejurio”, disse.
A CPI retomou os trabalhos na manhã desta terça-feira (3/8) com o depoimento do reverendo Amilton Gomes de Paula, presidente da ONG Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah).
O reverendo é apontado por representantes da Davati Medical Supply, com sede nos Estados Unidos, como um intermediador entre o governo federal e empresas que ofertavam vacinas.
O dia da CPI
A CPI da COVID, instalada pelo Senado, retomou o recesso parlamentar nesta terça-feira (3/8), com o depoimento do reverendo Amilton Gomes de Paula. A convocação de Amilton atende pedido do vice-presidente do colegiado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
O parlamentar destacou os e-mails, divulgados pelo Jornal Nacional, da TV Globo, em que o diretor de Imunização do Ministério da Saúde, Laurício Cruz, autorizava o reverendo a comprar, por meio da Senah, 400 milhões de doses de vacinas da AstraZeneca.
O parlamentar destacou os e-mails, divulgados pelo Jornal Nacional, da TV Globo, em que o diretor de Imunização do Ministério da Saúde, Laurício Cruz, autorizava o reverendo a comprar, por meio da Senah, 400 milhões de doses de vacinas da AstraZeneca.
Segundo o policial militar de Minas Gerais Luiz Paulo Dominghetti, que acusa o ex-diretor de Logística da pasta Roberto Ferreira Dias, de cobrar propina de US$ 1 dólar por dose, Amilton Gomes de Paula foi quem o ajudou a conseguir marcar reuniões com membros do governo para apresentar a proposta do imunizante britânico em fevereiro deste ano.
O reverendo estava marcado para depor à CPI em 14 de julho, mas o depoimento foi adiado por questões de saúde. Amilton apresentou um atestado médico alegando problemas renais, o que foi confirmado pela perícia médica do Senado.
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux, concedeu habeas corpus para que o religioso tenha o direito de permanecer em silêncio em questionamentos que possam incriminá-lo.
* Estagiária sob supervisão da editora-assistente Vera Schmitz
* Estagiária sob supervisão da editora-assistente Vera Schmitz