O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quinta-feira (5) que não recebeu aviso prévio sobre o cancelamento da reunião dos chefes dos Três Poderes, comunicada nesta tarde pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux, durante sessão da Corte. Durante transmissão semanal ao vivo, Bolsonaro sugeriu que a Corte trabalha para torná-lo inelegível e impedido de disputar as eleições em 2022.
"Querem me tirar daqui na canetada. Querem me tornar inelegível na caneta. Isso é jogar dentro das quatro linhas da Constituição?", argumentou. Segundo o presidente, Fux se alimenta da imprensa para emitir suas notas. "Tudo o que eu falo satanizam, debocham. Não posso defender nada, mas não vou deixar de cumprir com o meu dever", disse.
O cancelamento da reunião por Fux acontece após reiterados ataques de Bolsonaro a ministros do Supremo, em especial, ao ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito das fake news, e ao ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). No comunicado lido hoje, Fux afirmou que "diálogo eficiente pressupõe compromisso permanente com as próprias palavras" e reforçou que ataques a ministros são ataques a toda a Corte. Bolsonaro, entretanto, disse que nas suas palavras não há nenhum ataque ao Supremo.
Durante a live, o presidente refez críticas ao Judiciário e ao Legislativo. Segundo o presidente, "problemas e ruídos e incompreensões que vem de um lado da Praça dos Três Poderes" atrapalham o trabalho do governo. "Onde dois ou três se arvoram em serem os donos da verdade", completou. Bolsonaro disse que espera para ver onde vai dar o inquérito das fake news, sob o qual passou a ser investigado por ataques às urnas eletrônicas.
Ao relator do processo, o ministro Moraes, o presidente minimizou declarações que havia feito contra ele e disse que não ofendeu a sua honra, mas sim suas decisões. Durante a live, Bolsonaro também disse que convidaria Fux e Barroso para participarem de ato político em São Paulo neste fim de semana.
Sobre atividades do Congresso, Bolsonaro voltou a rebater irregularidades reveladas pela CPI da Covid no Senado e disse que, apesar das denúncias de pedido de propina, o colegiado não conseguiu "descobrir um centavo" desviado pelo governo.
'Esquerda'
Bolsonaro afirmou que o ministro do Supremo Tribunal Federal e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, é ideologicamente alinhado à esquerda brasileira, ao justificar a oposição do magistrado à implementação do voto impresso.
"Ele é de esquerda, todo mundo sabe disso, não é ofensa. Ele deve se orgulhar, porque estou falando a verdade sobre ele. Ele tem uma paixão pela esquerda no Brasil, defende exatamente as mesmas bandeiras. Se um dia voltar de novo à esquerda numa votação limpa, paciência", disse em transmissão semanal pela internet.
Bolsonaro ainda associou novamente Barroso à defesa da flexibilização da Legislação contra o crime de pedofilia e à legalização das drogas. Segundo o chefe do Executivo, suas falas são meras críticas à atuação do magistrado como integrante da Corte.
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