Utilizado como uma tentativa de intimidar o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF), de acordo com interlocutores do Planalto, o desfile de tanques em Brasília revelou um alinhamento mais tênue da Marinha com o Poder Executivo e pressiona o comandante do Exército, Paulo Sérgio. Desde o começo do ano, o presidente Jair Bolsonaro exige atos de lealdade e apoio dos militares ao governo.
Desde que assumiu, Paulo Sérgio resiste em participar de atos políticos e endossar manifestações públicas, embora isso tenha ocorrido em notas editadas pelo Ministério da Defesa com ataques ao parlamento. De outro lado, o comandante da Marinha, Almir Garnier dos Santos, revela proximidade política com o Executivo.
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O ato gerou ânimos exaltados no Congresso. O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da COVID-19, senador Omar Aziz, classificou o ato como tentativa de "golpismo" e intimidação do Legislativo. Até mesmo Ciro Nogueira, aliado do Planalto, disse não ver o desfile com bons olhos.
A imagem de tanques com emissão de fumaça e gases poluentes em elevada quantidade na frente do Planalto virou piada na internet. Militares ouvidos pelo Correio disseram que estão envergonhados com o evento, e dizem que as tropas foram expostas a condição política e vexatória.
O comandante do Exército evitou chamar atenção, mas agora é pressionado a mostrar apoio ao governo, como fez o comandante Garnier. Outro que decidiu se distanciar do desfile foi o vice-presidente, Hamilton Mourão, general da reserva, e que ao contrário de Bolsonaro, esteve recentemente na ativa. "Não é o perfil dele. Preferiu não ir", disse um interlocutor do militar.