O líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), declarou que vai prestar depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid "quantas vezes (o colegiado) quiser", mas destacou que vai dizer o que pensa quando convocado. Em entrevista à CNN Brasil, Barros voltou a criticar a comissão, classificando-a como um "circo que tenta desgastar o governo". Em sua avaliação, antes da reunião desta quinta-feira, 12, ser suspensa, ele estava dando um "show" e "ganhando de 10 a 0" da CPI.
O líder declarou que não vê diferença em ser chamado novamente à CPI como convocado. Segundo ele, ser chamado para depor como convocado ou indiciado não vai mudar a narrativa de seu discurso. No entanto, Barros voltou a ressaltar que a imunidade parlamentar lhe confere o direito de expressar sua opinião para falar o que pensa sobre o colegiado.
Barros analisa que, até o momento, a CPI não mostrou nenhuma prova consistente de acusação contra ele. Como líder do governo na Câmara, ele reforçou que vai à comissão para "defender o governo", mas negou qualquer relação com fraudes. "O combate à corrupção está no DNA do governo Bolsonaro", e emendou: "Não tenho medo nenhum da CPI".
Sobre a acusação de que empresas estariam se afastando do Brasil por causa dos trabalhos da comissão, Barros declarou que "cada um tem sua responsabilidade" e manteve a posição de sua oitiva. "Estou absolutamente correto e não aceito essas ilações", disse. O parlamentar voltou a afirmar que empresas como a farmacêutica chinesa CanSino estariam se afastando do País, alegando que a falta de um representante legal para a empresa atuar no País seria um sinal de seu desinteresse.
"Vamos à realidade, se eles têm interesse eles deveriam ter representante no Brasil", afirmou o Barros. O parlamentar reforçou as acusações contra o colegiado, dizendo que a CPI "não pode fazer de conta que toda essa confusão não afastou as pessoas" e avaliou que os senadores "se irritaram porque não conseguiram manter a narrativa falsa".
"É por isso que eles (senadores) não se deram bem comigo. Porque eu não permiti que as coisas acontecessem dessa forma. todas as perguntas que me fizeram, eu provei que estava certo", destaca.
Na tarde de ontem ao jornal Valor Econômico, o vice-presidente de Negócios Internacionais da CanSino, Pierre Morgon, rebateu as declarações de Barros, e disse que decidiu trocar a empresa representante do laboratório no Brasil por questões de compliance e que segue interessado em vender sua vacina contra a covid-19 para o Ministério da Saúde. Morgon afirmou que os chineses seguem em busca de um representante "confiável".
audima