A pandemia atrapalhou, mas, com o avanço da vacinação no Estado, o mais recente tucano paulista, o vice-governador Rodrigo Garcia, pôde voltar a fazer o que gosta: visitar o interior, conversar com prefeitos e anunciar obras num velho script seguido anos a fio por seu ex-chefe e eventual concorrente em 2022, Geraldo Alckmin. De abril pra cá, Garcia já rodou 65 cidades em busca de apoio e também de mais exposição.
Ao aceitar trocar o DEM pelo PSDB, sob as bênçãos do titular, João Doria, o vice passou a se equilibrar entre o "estilo Alckmin", que sempre mostrou na política, e uma imagem mais digital, à la Doria.
Já em maio, mês da filiação ao PSDB, Garcia lançou em suas redes dois programas periódicos que visam tirar dúvidas sobre projetos do governo ou relatar o trabalho realizado na semana. Este último recebeu o nome de "#sextou" e traz o novo tucano na roupa de candidato, com linguagem eleitoral, trilha sonora e ritmo acelerado, modelo sob medida para o Tik Tok.
No episódio publicado dia 6, o tucano destaca a autorização dada para o Hospital de Registro operar com 100% de sua capacidade, o compromisso de entregar 14 escolas no Vale do Ribeira e o anúncio de ampliação do "vale gás". Doria não é citado nem aparece nas imagens. No final, o recado: "Temos a pretensão de celebrar as conquistas, mas fazer bem mais."
Dentro da estratégia de se fazer mais conhecido para 2022, Garcia também criou um site - o que o coloca nos resultados de busca do Google - e "aprendeu" a usar o Instagram. O professor de marketing político Marcelo Vitorino diz já ser possível notar melhora, mas alerta que há muito o que ajustar.
"Praticamente não há gestão dos comentários nem um canal que colete dados para uso futuro", afirma. Segundo Vitorino, a política exige diálogo e interação também na internet. Garcia soma 7,5 mil seguidores no Twitter, 42 mil no Facebook e 30 mil no Instagram.
Nascido em Tanabi, na região de São José do Rio Preto, Garcia é conhecido como "político do interior". Assim como Alckmin, tem fama de ter boa conversa e trato fácil, especialmente para negociar com prefeitos, respaldado pelo conhecimento adquirido como secretário do ex-governador.
Disputar o governo em 2022 está nos planos desde que, ainda pelo DEM, fechou aliança com Doria. A troca de partido é que foi inesperada, assim como a possibilidade de ter de enfrentar Alckmin nas urnas - isolado no PSDB, o ex-governador pode migrar para o PSD.
Se no estilo ambos são parecidos, no mundo digital Garcia começa a abrir vantagem. Desde que perdeu a disputa pelo Palácio do Planalto, em 2018, Alckmin segue sem um plano de marketing. Sem recursos da sigla, tenta se manter vivo nas redes com postagens mais simples, publicadas por apoiadores quase sem edição e geralmente relembrando ações passadas. E, ao menos no mundo online, já está dissociado dos tucanos. Seu perfil extraoficial é "Jornal do Alckmin". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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