Uma acareação deve compor a agenda da CPI da Covid em Belo Horizonte em breve. Na manhã desta segunda (16/8), Breno Serôa da Mota, subsecretário de Administração e Logística da Secretaria Municipal de Fazenda, desmentiu o empresário Mário Valadares, proprietário do Shopping Oiapoque, o maior centro de compras popular da capital mineira. O tema é a doação de respiradores ao Executivo municipal.
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Durante seu depoimento em 15 de julho deste ano, porém, o empresário não seguiu a mesma linha do subsecretário. Ele afirmou que negociou diretamente com Breno a doação desses equipamentos.
“Comprei três respiradores por R$ 45 mil e outros cinco por R$ 30 mil. Tudo de pronta entrega. O secretário só sabia dos oito respiradores que têm o mínimo de acessórios necessários. A partir daí fiz contato com o subsecretário (Breno Serôa da Mota) para saber quais acessórios comprar”, disse Mário Valadares à época, citando também outro servidor da Secretaria Municipal de Saúde.
Diante do desencontro entre os dois depoentes, o presidente da CPI, vereador Professor Juliano Lopes (PTC), disse que colocará um requerimento de acareação em pauta nesta quinta (19/8) entre Mário e Breno.
Nesse procedimento, os dois envolvidos são colocados frente a frente para tentar chegar a uma clareza sobre a informação.
Atribuição
Ainda no depoimento desta segunda (16/8), o subsecretário de Administração e Logística, Breno Serôa da Mota, disse que a atribuição do seu órgão é apenas homologar as negociações. Ele afirmou que não tem competência técnica para definir a necessidade nem a qualidade dos respiradores.
"Para dar agilidade a esse processo, todos os processos de doação foram tramitados exclusivamente na Secretaria de Saúde. Essa doação (dos respiradores por parte do empresário Mário Valadares) foi a última que passou pela Subsecretaria de (Administração e Logística)", disse o servidor.
Breno Serôa da Mota é servidor da PBH há 28 anos. Neste tempo, ele disse que se encontrou com Mário Valadares, o empresário do Shopping Oi, em algumas oportunidades. A última delas, no entanto, aconteceu há quatro anos, sem relação com a pandemia.
Outras doações
O subsecretário ainda afirmou que a PBH assinou 270 processos de doação durante a pandemia. Esses documentos totalizam cerca de R$ 21 milhões.
Porém, a vereadora Flávia Borja (Avante), titular da CPI da Covid na Câmara de BH, disse que tem dificuldade para ter acesso a esses documentos.
Ela disse que tentou conseguir a íntegra desses processos junto à PBH, mas recebeu uma “resposta vaga”. A vereadora, até mesmo, disse sobre a necessidade da aprovação de um requerimento de mandado de busca e apreensão para obter os dados.
Em resposta, Breno Serôa da Mota afirmou que sua subsecretaria nunca deixou de atender um pedido da CPI e que está aberto a fornecer as planilhas aos vereadores.
Um requerimento para obter essa resposta será colocado em pauta na CPI, afirmou o presidente da comissão, Professor Juliano Lopes. "Muito estranha essa Prefeitura de Belo Horizonte em relação ao shopping popular", disse.
O vereador também lembrou que a PBH demorou um ano para dar publicidade à doação dos respiradores pelo Shopping Oiapoque no Diário Oficial do Município (DOM).