Jornal Estado de Minas

LUTO

Norte de Minas perde antiga líder, simbolo da luta da mulher na política

O Norte  de Minas perdeu nesta terça-feira (17/8) uma das antigas líderes políticas da região: Maria Raimunda de Faria Costa, ex-prefeita de Rio Pardo morreu aos 83 anos. "Dona Raimunda" foi o símbolo da luta da mulher na política na região.





Foi prefeita do município de Rio Pardo de Minas por dois mandatos e teve três filhos como "herdeiros" na política. Dois deles foram eleitos prefeitos de municípios que se emanciparam de Rio Pardo de Minas: Virgílio Tácito Penalva, em Vargem Grande do Rio Pardo; e Marcus Costa, em Indaiabira.
 
Outro filho dela, Tácito Júnior, foi eleito vice-prefeito de Rio Pardo de Minas.
 
"Ela foi uma guerreira. Cuidou de um município em uma época em que as mulheres ainda não tinham expressão na política", afirma Virgílio Tácito.
 
A ex-prefeita exercia uma forte liderança política na região de Rio Pardo de Minas, com grande influência, sobretudo, junto à população de baixa renda e aos moradores da zona rural.




 
A casa dela, no Centro de Rio Pardo, era sempre procurada pelos moradores, independentemente se dona Raimunda ou alguém do seu grupo politico estivesse à frente da prefeitura ou não.
 
"Dona Raimunda, mulher guerreira, caridosa, valente, destemida. Seu coração era enorme. com sua casa para acolher a todos. Era mãe dos pobres. Recebia todos com alegria", diz a mensagem divulgada pela família. 
 
"Sua partida vai deixar um grande vazio na praça de Rio Pardo de Minas. Por atos de bondade, acolhimento e caridade, irá para a Glória Celeste. Deixará saudades", conclui o texto.

Duas câmaras de vereadores 

Em segundo mandato na Prefeitura de Rio Pardo de Minas, em 1995, Maria Raimunda  enfrentou uma situação inusitada: foram formadas duas câmaras municipais na cidade. O caso alcançou repercussão nacional. 

O conflito começou em 2 de janeiro de 1995, quando aconteceria a eleição para a Mesa Diretora da Câmara. Na oportunidade, os  opositores da então prefeita não participaram e os outros nove vereadores realizaram a eleição e decretaram recesso de cinco dias.





Durante o recesso, os opositores cassaram os mandatos dos colegas, e convocaram os suplentes.

Os cassados, aliados da então chefe do Executivo, criaram uma outra Câmara, e Maria Raimunda se recusou a pagar os salários dos suplentes. Ela considerou que a "Câmara ilegal" cassou seu mandato.

O impasse durou até julho de  1995,  quando o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) decidiu pela extinçao da "segunda" Câmara Municipal de Rio Pardo.

'Companheira de caminhada' 
 
O deputado estadual Arlen Santiago (PTB) divulgou nota em que lamenta a morte da líder política. "Com imenso pesar que lamento o falecimento da minha amiga, dona Raimunda. A passagem dela significa, para mim, a perda de uma companheira de caminhada", disse o parlamentar.

"Rio Pardo de Minas e a região do Alto Rio Pardo perdem uma mulher atuante que sempre lutou por melhorias significativas para toda a população. Uma profissional respeitada que marcou a sua história com ações efetivas", escreveu Santiago.
 
A causa da morte da ex-prefeita foi septicemia (infecção generalizada), decorrente de uma infecção urinária.

O corpo de Maria Raimunda de Faria Costa será sepultado amanhã, no Cemitério Municipal de Rio Pardo, no jazigo onde foi enterrado o marido dela, Tácito de Freitas Costa.