O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux, afirmou, nesta quarta-feira (18/8), que nunca parou o diálogo com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). A declaração foi feita logo após encontro com o presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (DEM-MG). “Diálogo entre os poderes nunca foi interrompido”, disse.
Apesar da declaração de Fux, é notório o afastamento entre o STF e Bolsonaro. O presidente vem nos últimos meses atacando a Corte, principalmente, os ministros Luís Roberto Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e Alexandre de Moraes, relator do Inquérito das Fake-News.
O ápice do rompimento ocorreu após Bolsonaro atacar as eleições presidenciais e acusar o pleito de fraude. No dia 5 de agosto, Fux chegou a cancelar a reunião dos três poderes, com Rodrigo Pacheco e Bolsonaro.
"Gostaria antes de começar a sessão de comunicar que recebi hoje o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, que veio debater sobre a democracia e falar sobre diálogo entre poderes. Vou destacar, aos ministros presentes, que o diálogo entre os poderes nunca foi interrompido. Como presidente do STF, sigo dialogando entre todos os poderes”, afirmou Fux.
Mais cedo, Pacheco afirmou, durante coletiva de imprensa, que o ministro está disposto a voltar a dialogar com o presidente.
“Fiz um pedido especial ao presidente Luiz Fux para que possamos restabelecer esse diálogo, inclusive com o Poder Executivo. É muito importante que se restabeleça esse contato entre o presidente do Supremo e o presidente da República”, afirmou. “O ministro Fux se colocou muito propenso a essa ideia de restabelecer o diálogo, de novas reuniões serem marcadas, de discutirmos para a consolidação da democracia."
Ataques ao STF
Na manhã de sábado (14/8), Bolsonaro afirmou que iria levar ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), um pedido para instaurar processo contra os ministros do STF Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso. Segundo o chefe do Executivo, os dois “extrapolam com atos os limites constitucionais”.
Moraes mandou prender na última sexta-feira (13/8) o presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, aliado político do presidente. O ministro determinou a prisão preventiva do parlamentar por ataques às instituições democráticas.
Alexandre é relator do Inquérito das Fake-News e aceitou o pedido do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de incluir Bolsonaro no inquérito. Com o pedido aceito, Bolsonaro será investigado por crimes cometidos pela disseminação de informações falsas e ataques contra as instituições.
Além disso, Bolsonaro vem atacando Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O presidente chamou o ministro do STF e presidente do TSE de "mentiroso", acusando Barroso de não falar a verdade do chamado voto impresso auditável, defendido pelo seu governo.
Nos últimos meses, o presidente vem falando a apoiadores, mais uma vez sem provas, que ganhou as eleições em primeiro turno. De acordo com ele, o pleito de 2018 foi fraudado para que Fernando Haddad (PT) tivesse a oportunidade de enfrentá-lo em segundo turno.
Bolsonaro foi eleito, no segundo turno, o 38º presidente da República com 57.797.847 votos (55,13% dos votos válidos), contra 47.040.906 votos (44,87%) de Haddad.