O corregedor do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luiz Felipe Salomão, se reuniu, nessa sexta-feira (20/8), com representantes de YouTube, Twitch.TV, Twitter, Instagram e Facebook, com a participação de técnicos da Polícia Federal, para que as empresas cumpram a determinação de desmonetizar canais bolsonaristas e revelem os montantes exatos arrecadados por eles.
Só no YouTube, os 14 canais atingidos pelo despacho da última segunda-feira podem gerar até US$ 2,9 milhões por ano em receitas — cerca de R$ 15 milhões, segundo a cotação do dólar de ontem.
O cálculo é feito com dados da Social Blade, ferramenta que gera estatísticas sobre redes sociais e permite análises variadas, como sobre comportamento de seguidores, níveis de interação e previsão de ganhos. Por meio de nota, o YouTube não revelou quantias, mas confirmou a reunião, com representantes de outras empresas “para discutir e analisar a viabilidade das determinações”.
“Reforçamos nosso compromisso de permanecer colaborando com o trabalho das autoridades no Brasil e de prosseguir investindo em políticas, recursos e produtos para proteger a comunidade do YouTube de conteúdo nocivo”, destacou a nota.
Em um inquérito paralelo ao do TSE, o dos atos antidemocráticos, que corre no Supremo Tribunal Federal (STF), a Procuradoria-Geral da República (PGR) contabilizou US$ 1,1 milhão obtido por canais bolsonaristas. Esse montante, porém, dizia respeito a alguns canais distintos dos alcançados pelo Tribunal Eleitoral e considerava receitas de junho de 2018 a maio de 2020.
O maior canal bolsonarista afetado é o Folha Política, com 2,5 milhões de inscritos e um ganho que pode se aproximar de US$ 1,7 milhão por ano, segundo a Social Blade. Na conversão, o valor passa de R$ 5 milhões. Um dos vídeos destacados no relatório policial que baseou o despacho do corregedor da Justiça Eleitoral dá uma versão falsa sobre ataques de hackers ao TSE. Alega que invasores acessaram “o sistema, a nave-mãe, o cérebro, o computador do TSE”.
O faturamento desses canais vem de vídeos que exploram informações falsas ou tiradas do contexto, como no caso da urna eletrônica. Por supostamente revelar informações “secretas e bombásticas”, atraem o interesse de milhões de pessoas. Juntos, os 14 canais na mira do TSE somam 10,1 milhões de seguidores. É quase o triplo dos 3,5 milhões de inscritos no canal oficial do presidente Jair Bolsonaro no YouTube.
O processo contra as 11 plataformas sociais acusadas de divulgar conteúdo falso, ataques ao sistema eleitoral e a instituições como o Supremo Tribunal Federal (STF) corre em segredo de Justiça, segundo o TSE. Os valores arrecadados irão para uma conta judicial vinculada ao tribunal.(Com Agência Estado)