O empresário Mário Gazin, fundador da rede de lojas de varejo Gazin, gravou um vídeo oferecendo transporte de graça para quem for às manifestações do 7 de Setembro, Dia da Independência do Brasil, que vão pedir o fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF) e a intervenção militar.
O transporte está marcado para sair de Douradina, no Paraná, onde a sede da empresa está localizada.
“Olá pessoal de Douradina, convido todos vocês para ir até Brasilia”, diz Mário Gazin no vídeo. “Ninguém paga nada. É esse o trabalho que nós temos para defender o Brasil. Quem não pensar no Brasil de hoje está errado porque não sabe o que será o futuro. Vamos salvar o governo”, explica.
Nos últimos meses, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), vem falando a apoiadores, sem apresentar provas, que ganhou as eleições em primeiro turno. De acordo com ele, o pleito de 2018 foi fraudado para que o petista Fernando Haddad tivesse a oportunidade de enfrentá-lo em segundo turno.
Bolsonaro foi eleito, no segundo turno, o 38º presidente da República com 57.797.847 votos (55,13% dos votos válidos), contra 47.040.906 votos (44,87%) de Haddad.
Com as declarações, o presidente começou a chamar a atenção de alguns nomes importantes. Entre eles, os ministros do STF Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes.
Barroso é presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e rejeitou todas as acusações de fraude feitas por Bolsonaro. Com isso, o presidente começou atacar o ministro pessoalmente e até mesmo o chamou de “canalha” e “filha da puta”.
Já Moraes é relator do inquérito das fake news. Aberto em março de 2019, por decisão do então presidente da Corte, Dias Toffoli, o inquérito investiga notícias fraudulentas, ofensas e ameaças a ministros do STF.
Após os ataques do presidente contra Barroso ficarem mais intensos, Moraes determinou a inclusão de Bolsonaro como investigado no inquérito que apura a divulgação de informações falsas.
A ação dos ministros gerou uma resposta do presidente, que enviou ao Senado pedido de impeachment contra Moraes. O STF divulgou nota repudiando o ato de Bolsonaro.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), já afirmou não vislumbrar fundamentos técnicos, jurídicos e políticos para a destituição de um integrante da Suprema Corte.
Manifestações
O pedido de Bolsonaro incitou também revolta entre seus apoiadores, que prometem sair às ruas no 7 de Setembro, Dia da Independência, e pedir a intervenção das forças armadas no país, promovendo um golpe militar.
Essa não seria a primeira vez que o país passaria por uma gestão militar. A derrubada de João Goulart levou a uma ditadura de 21 anos, período marcado por crimes contra a democracia, a liberdade de imprensa e os direitos humanos.
Foram 5 mandatos militares e 16 atos institucionais – mecanismos legais que se sobrepunham à Constituição. Entre eles, o AI-5, que estabeleceu um regime de opressão, garantindo a ampliação dos aparatos de perseguição e repressão dos cidadãos brasileiros. Ações ilegais, como a tortura, ganharam incentivo durante o ato.