Está circulando nas redes sociais um vídeo do momento em que o governador Romeu Zema (Novo) faz uma intervenção durante a reunião do Fórum dos Governadores, realizada na segunda-feira (23/8). Nas imagens, Zema pediu para que os governadores, que criticaram o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pelos ataques à democracia, também falassem sobre o Supremo Tribunal Federal (STF).
Leia Mais
Em Brasília, Zema se reúne com Pacheco e Casagrande por 'acordo de Mariana'MG: vice de Zema vê chance 'baixa' de volta aos salários parcelados A governadores, Zema pede diálogo direto em vez de cartas a PoderesFreixo critica Zema: 'Novo é o bolsonarismo personallité'''Show de coerência'', diz Malafaia sobre críticas de Zema ao STF CCJ aprova recondução de Augusto Aras para novo mandato na PGRNa CPI, Marcos Rogério defende Wizard, 'véio' da Havan e Ricardo BarrosCiro sobre Lula e Haddad: 'Seguem abraçando bandidos conhecidos'De acordo com Zema, “ficar mandando pedra” faz os governadores caírem em uma “vala” de polarização política.
“Se o presidente tem defeitos, quero lembrar aqui, que também deveríamos lembrar os defeitos do Supremo”, disse Zema.
O governador também fez uma referência às liberações feitas pela Corte. “Nós sabemos que alguns meses atrás, o STF liberou uma bandido de altíssima periculosidade. O Fórum fez alguma coisa sobre isso?”, explicou.
Zema citou o “fundão eleitoral” e afirmou mais uma vez que o Fórum não fez nada. “Vamos abrir a pauta também, né?”, afirmou.
O governador mineiro faz parte da ala de governadores mais alinhada com o chefe do Executivo Federal. O vídeo viralizou nas plataformas do Novo e entre bolsonaristas.
Ataques à democracia
Nos últimos meses, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) vem falando a apoiadores, sem apresentar provas, que ganhou as eleições em primeiro turno. De acordo com ele, o pleito de 2018 foi fraudado para que o petista Fernando Haddad tivesse a oportunidade de enfrentá-lo em segundo turno.
Bolsonaro foi eleito, no segundo turno, o 38º presidente da República com 57.797.847 votos (55,13% dos votos válidos), contra 47.040.906 votos (44,87%) de Haddad.
Com as declarações, o presidente começou a chamar atenção de alguns nomes importantes. Entre eles, os ministros do STF, Luis Roberto Barroso e Alexandre de Moraes.
Barroso é presidente do Tribunal Superior Eleitoral e negou todas as acusações de fraude feitas por Bolsonaro. Com isso, o presidente começou atacar o ministro pessoalmente e até mesmo chamou ele de “canalha” e “filha da puta”.
Já Moraes, é relator do inquérito das fake news. Aberto em março de 2019, por decisão do então presidente da Corte, Dias Toffoli, o inquérito investiga notícias fraudulentas, ofensas e ameaças a ministros do STF.
Após os ataques do presidente contra Barroso ficarem mais intensos, Moraes determinou a inclusão de Jair Bolsonaro como investigado no inquérito que apura a divulgação de informações falsas.
A ação dos ministros gerou uma resposta do presidente, que enviou um pedido de impeachment contra Moraes no Senado Federal. O STF divulgou nota repudiando o ato de Bolsonaro.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) disse não vislumbrar fundamentos técnicos, jurídicos e políticos para a destituição de um integrante da Suprema Corte.
Manifestações
O pedido de Bolsonaro incitou também uma revolta de seus apoiadores, que, agora, prometem sair às ruas no 7 de setembro, Dia da Independência, e pedir a intervenção das Forças Armadas no país, causando um golpe militar.
Esta não seria a primeira vez que o país passaria por uma gestão militar. A derrubada de João Goulart levou a uma ditadura de 21 anos, período marcado por crimes contra a democracia, a liberdade de imprensa e os direitos humanos.
Foram cinco mandatos militares e 16 atos institucionais – mecanismos legais que se sobrepunham à Constituição. Entre eles, o AI-5, que estabeleceu um regime de opressão, garantindo a ampliação dos aparatos de perseguição e repressão dos cidadãos brasileiros. Ações ilegais, como a tortura, ganharam incentivo durante o ato.