Está circulando nas redes sociais um vídeo do momento em que o governador Romeu Zema (Novo) faz uma intervenção durante a reunião do Fórum dos Governadores, realizada na segunda-feira (23/8). Nas imagens, Zema pediu para que os governadores, que criticaram o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pelos ataques à democracia, também falassem sobre o Supremo Tribunal Federal (STF).
“Eu vejo que há sim uma grande insatisfação de nós, governadores, e da população, com os ataques feitos à democracia. Sei que não temos tido uma boa vontade por parte do poder público federal. Mas questiono aqui o formato, eu vejo que se emitir uma carta, um comunicado, a cada fato, não é satifatorio”, disse o governador mineiro.
De acordo com Zema, “ficar mandando pedra” faz os governadores caírem em uma “vala” de polarização política.
“Se o presidente tem defeitos, quero lembrar aqui, que também deveríamos lembrar os defeitos do Supremo”, disse Zema.
O governador também fez uma referência às liberações feitas pela Corte. “Nós sabemos que alguns meses atrás, o STF liberou uma bandido de altíssima periculosidade. O Fórum fez alguma coisa sobre isso?”, explicou.
Zema citou o “fundão eleitoral” e afirmou mais uma vez que o Fórum não fez nada. “Vamos abrir a pauta também, né?”, afirmou.
O governador mineiro faz parte da ala de governadores mais alinhada com o chefe do Executivo Federal. O vídeo viralizou nas plataformas do Novo e entre bolsonaristas.
Ataques à democracia
Nos últimos meses, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) vem falando a apoiadores, sem apresentar provas, que ganhou as eleições em primeiro turno. De acordo com ele, o pleito de 2018 foi fraudado para que o petista Fernando Haddad tivesse a oportunidade de enfrentá-lo em segundo turno.
Bolsonaro foi eleito, no segundo turno, o 38º presidente da República com 57.797.847 votos (55,13% dos votos válidos), contra 47.040.906 votos (44,87%) de Haddad.
Com as declarações, o presidente começou a chamar atenção de alguns nomes importantes. Entre eles, os ministros do STF, Luis Roberto Barroso e Alexandre de Moraes.
Barroso é presidente do Tribunal Superior Eleitoral e negou todas as acusações de fraude feitas por Bolsonaro. Com isso, o presidente começou atacar o ministro pessoalmente e até mesmo chamou ele de “canalha” e “filha da puta”.
Já Moraes, é relator do inquérito das fake news. Aberto em março de 2019, por decisão do então presidente da Corte, Dias Toffoli, o inquérito investiga notícias fraudulentas, ofensas e ameaças a ministros do STF.
Após os ataques do presidente contra Barroso ficarem mais intensos, Moraes determinou a inclusão de Jair Bolsonaro como investigado no inquérito que apura a divulgação de informações falsas.
A ação dos ministros gerou uma resposta do presidente, que enviou um pedido de impeachment contra Moraes no Senado Federal. O STF divulgou nota repudiando o ato de Bolsonaro.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) disse não vislumbrar fundamentos técnicos, jurídicos e políticos para a destituição de um integrante da Suprema Corte.
Manifestações
O pedido de Bolsonaro incitou também uma revolta de seus apoiadores, que, agora, prometem sair às ruas no 7 de setembro, Dia da Independência, e pedir a intervenção das Forças Armadas no país, causando um golpe militar.
Esta não seria a primeira vez que o país passaria por uma gestão militar. A derrubada de João Goulart levou a uma ditadura de 21 anos, período marcado por crimes contra a democracia, a liberdade de imprensa e os direitos humanos.
Foram cinco mandatos militares e 16 atos institucionais – mecanismos legais que se sobrepunham à Constituição. Entre eles, o AI-5, que estabeleceu um regime de opressão, garantindo a ampliação dos aparatos de perseguição e repressão dos cidadãos brasileiros. Ações ilegais, como a tortura, ganharam incentivo durante o ato.