O projeto que chegará a plenário estabelece que o governo deve fornecer suporte a pesquisa e produção de vacinas, antígenos e insumos necessários ao desenvolvimento de injeções. O autor é o deputado Repórter Rafael Martins (PSD).
Deputados têm defendido que o governo mineiro faça aportes financeiros na fundação. Ainda nesta quinta, os integrantes da Comissão de Saúde promoveram audiência pública para debater formas de fortalecer a instituição, fundada em 1907.
"É importante o investimento do governo na Funed, para que ela tenha esse protagonismo, inclusive em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), na produção da vacina", disse André Quintão (PT), líder da oposição ao governador Romeu Zema (Novo),
Para André, dar musculatura à fundação significa conceder autonomia financeira e administrativa, evitando que os recursos captados pela Funed sejam direcionados ao caixa único do estado. "A Funed é superavitária. É importante que os recursos sejam investidos na própria fundação", destacou.
Fusão é alvo de divergências
Em fevereiro deste ano, Zema enviou ao Legislativo proposta que cria o Centro Mineiro de Controle de Doenças, Ensino, Pesquisa e Vigilância em Saúde Ezequiel Dias (CMC). A ideia é fundir a Funed a outras instituições, como o Hospital Eduardo de Menezes e a Escola de Saúde Pública.
Segundo o presidente da Funed, Dario Brock Ramalho, a nova estrutura, se aprovada, será capaz de desfazer "amarras jurídicas" que dificultam o trabalho da instituição. "Esta geração que vive a pandemia de COVID-19 tem a obrigação de aprender com ela e legar às próximas gerações uma estrutura melhor", defendeu.
"São estudos que custam centenas de milhares de reais, custo este já feito pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Precisamos do Eduardo de Menezes para sair da bancada e fazer os ensaios clínicos, condição que a Funed hoje não dispõe para testar a vacina da UFMG", sustentou.
O deputado Celinho do Sintrocel (PCdoB), no entanto, demonstrou temer os efeitos da fusão. "Na prática, a proposta enfraquece as instituições públicas de saúde e pesquisa em Minas Gerais. Defendo totalmente a autonomia administrativa e financeira que a Funed precisa, e uma fundação aberta a receber recursos de fontes públicas e privadas".
Gafe diplomática fez acordo por vacina naufragar
Em janeiro, o Estado de Minas revelou que o governo estadual chegou a costurar acordo com a Sinopharm, laboratório chinês que desenvolveu um imunizante contra o coronavírus. As negociações fracassaram em agosto do ano passado, após representantes do Palácio Tiradentes terem proposto uma reunião às 16h, de Brasília - 3h, em Pequim.Além da gafe diplomática, os responsáveis pela tratativa apontaram lentidão de Minas Gerais nas conversas. Já havia um memorando de entendimento (MoU, em inglês) firmado entre as partes, para celebrar o início das negociações.
À época, fontes ligadas à Funed asseguraram à reportagem que, se o acordo tivesse saído do papel, o imunizante já poderia estar sendo produzido na fundação.