O governador Romeu Zema (Novo) pediu que a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), conduzida pela Assembleia Legislativa, examine a gestão da estatal em governos anteriores. Nesta sexta-feira (27/8), em Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, o chefe do poder Executivo estadual disse que os acontecimentos ocorridos na empresa em sua gestão são "próximos a zero" perto de situações vistas em outros anos.
Leia Mais
Zema isenta estado por aumento nos combustíveis e culpa o Governo FederalCemig firmou quatro contratos sem licitação para recrutar executivosZema: 'Minas já está preparada para vacinar adolescentes e 3ª dose'Deputados questionam contrato da Cemig para serviço de call centerAtuação do Novo na Cemig é clara, segundo o vice-presidente da CPI mineiraBolsonaro, na tarde de sexta-feira (27/8), passeia de moto em GoiâniaEm Brasília, indígenas voltam a protestar contra o Marco TemporalAlessandro Vieira diz que Bolsonaro fala 'besteira' para desviar atençãoSegundo o governador, existe transparência em torno de todos os indicadores da gestão estadual e não há o que esconder aos deputados. Um dos pontos em xeque é o processo de escolha de Reynaldo Passanezi Filho para a presidência da estatal. A Exec, cujos sócios têm ligação com o partido Novo, foi contratada para conduzir o recrutamento. A empresa já havia atuado na escolha de secretários do Palácio Tiradentes.
O contrato entre Cemig e Exec foi oficializado depois da prestação do serviço de recrutamento, via instrumento chamado convalidação. Passanezi tomou posse em 13 de janeiro do ano passado; o documento que celebra o acordo é datado de sete dias depois.
"A CPI está fazendo um levantamento. Orientamos que seja dada total transparência. O atual presidente da Cemig tem todas as credenciais para ocupar o cargo, diferentemente de anteriores, que foram indicações políticas. É só olhar o currículo dele", afirmou o governador.
Como mostrou o Estado de Minas nesta sexta, a Cemig firmou, sem licitação, quatro pactos para recrutar executivos. Entre eles está, justamente, o processo que culminou na eleição de Passanezi.
A energética alega que a dispensa de concorrência, além de prevista na Lei das Estatais, está embasada na notória especialização das empresas chamadas.
Governador diz que empresa é "patrimônio dos mineiros"
Ao tratar da atuação da Cemig, Romeu Zema enalteceu os resultados obtidos pela companhia e a classificou de "patrimônio" da população do estado.
"O resultado da Cemig, recorde no último trimestre, demonstra que as ações têm sido feitas em prol do estado. A empresa, hoje, vale muito mais. Ela é patrimônio do povo mineiro. Mas que a CPI faça qualquer levantamento. Se alguém fez algo de errado, que seja responsabilizado. Somos favoráveis a isso".
Mais cedo, no Twitter, quando isentou o governo mineiro de culpa pelo aumento no preço dos combustíveis, Zema chegou a falar que a privatização de empresas como a Cemig e a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) pode abrir espaço para o arrocho de tributos pagos pelo contribuinte.
"Minas hoje ainda é um estado que deve muito mais do que recebe, como uma pessoa que ganha 1 mil/mês e deve 30 mil. Minha gestão está equilibrando as contas e arrumando a casa. A privatização de empresas como Copasa e Cemig poderia possibilitar espaço para redução de impostos", escreveu.
Governo já foi alvo de outra CPI
No primeiro semestre deste ano, a Assembleia conduziu CPI para apurar a aplicação de vacinas antiCOVID em servidores administrativos da Secretaria de Estado de Saúde (SES). O relatório pede o indiciamento, por peculato e improbidade administrativa, do ex-chefe da pasta, Carlos Eduardo Amaral.
No fim de junho, quando a CPI da Cemig já havia sido aberta e a investigação dos "fura-filas" caminhava para o fim, Zema se pronunciou sobre as comissões em entrevista ao EM.
"Me parece que estão procurando cabelo em casca de ovo, e não gordura em pele de porco gordo, como deveria ser. Acho muito estranho tudo isso. Qual é o critério para abrir uma CPI? Procurar migalhas ou deixar passar elefantes e baleias?", indagou, à época.