Jornal Estado de Minas

DENUNCIADO

Na mira do MPMG, prefeito de Palma responderá por crime de responsabilidade

Quase oito meses após tomar posse, pela terceira vez, da principal cadeira do Executivo da pequena cidade mineira de Palma, o prefeito Hiram Vinícius Mendonça Finamore, de 63 anos, foi denunciado pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) pela prática dos crimes de responsabilidade e falsidade ideológica.




 
Conforme comunicado emitido no início da noite dessa quinta-feira (26/8) pelo MPMG, outros dois funcionários da administração municipal e uma ex-secretária também são investigados.
 
Em 2019, o prefeito da cidade de 6,6 mil habitantes também foi denunciado pelo Ministério Público por dispensar licitação na contratação de um escritório de advocacia (leia mais abaixo).
 
Agora, a nova denúncia apresentada - por meio da Procuradoria de Justiça Especializada no Combate aos Crimes Praticados por Agentes Políticos Municipais - aponta que o prefeito, com a contribuição dos demais denunciados, teria firmado um contrato informal com uma pessoa para trabalhar na limpeza urbana da cidade.




 
A investigação aponta que os pagamentos pelo serviço aconteceram por meio de notas de empenho e cheques entre os meses de junho e setembro de 2020. A contratação, no entanto, só poderia ter acontecido por meio da realização de concurso público.
 
Além disso, essa conduta viola a Lei Federal 9.504/97, que veda qualquer contratação nos três meses que antecedem as eleições.
 
As diligências relevam, ainda, que a ex-secretária municipal de Assistência Social, Maria de Fátima Amaral Freitas, teria prometido uma contratação formal à gari, caso o prefeito fosse reeleito.
 
“Quando oficiado pelo MPMG para prestar esclarecimentos no decorrer de inquérito civil, o prefeito omitiu informações verdadeiras por meio de dois ofícios, tentando induzir o Ministério Público a erro quanto à existência de vínculo entre a gari e o município”, explicou o MPMG.




 
Por essa conduta, que configura falsidade ideológica conforme o Código Penal, o chefe do Executivo está sujeito à pena de um a cinco anos de reclusão e multa.
 
Com base no decreto-lei 201/67, o prefeito também poderá responder pelo crime de responsabilidade em conjunto com o secretário municipal de Fazenda, João Paulo Pereira de Paula, e o secretário municipal de Administração, Lucas Ferreira Costa.
 
Todos estão sujeitos à pena de detenção de três meses a três anos. Em caso de condenação definitiva, os acusados perdem os cargos e ficam inabilitados para o exercício da função pública pelo prazo de cinco anos.
 
A reportagem tentou falar com o prefeito de Palma e os secretários na quinta-feira e nesta sexta-feira (27/8), mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria. A ex-secretária municipal de Assistência Social também não respondeu à tentativa de contato da reportagem.




 
Tão logo os envolvidos queiram se manifestar, este texto será atualizado. 
 
Denúncia contra o prefeito em 2019
 
Em 2019, o Ministério Público já havia denunciado o prefeito de Palma por dispensa ilegal de licitação em contrato firmado com um escritório de advocacia.
 
A intenção, conforme o MPMG, seria recuperar judicialmente valores não repassados ao município pelo extinto Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental (Fundef).
 
Um ex-prefeito, um ex-procurador municipal e o sócio do escritório de advocacia também foram denunciados na época.
 
Segundo a Procuradoria de Justiça Especializada em Crimes Praticados por Agentes Políticos Municipais, “os problemas começaram em 2016, quando o ex-prefeito de Palma contratou a consultoria jurídica sem qualquer formalidade ou justificativa, apenas lhe outorgando uma procuração para atuar na Justiça Federal, mediante o pagamento de honorários no valor de 20% do valor a ser recuperado”.




 
Em 2017, o atual prefeito, com o aval do então procurador municipal, para regularizar essa situação ilícita, usou irregularmente a modalidade conhecida como inexigibilidade de licitação para contratar o escritório de advocacia, o qual já havia prestado os serviços usando a procuração outorgada pelo ex-prefeito, apontou a denúncia na época.
 
“Os contratos trarão enorme prejuízo aos cofres municipais, pois os honorários foram fixados em percentuais altíssimos. Dos mais de R$ 1,1 milhão possíveis de serem recuperados, mais de R$ 220 mil seriam destinados ao pagamento da assessoria jurídica”, afirmou, na oportunidade, o procurador de Justiça Cristóvam Joaquim Fernandes Ramos Filho, autor da denúncia.
 
Em nota encaminhada ao Estado de Minas nesta sexta-feira, o Ministério Público de Minas Gerais disse que a apuração ainda não foi concluída, mas que dará retorno à reportagem assim que obtiver parecer da procuradoria responsável. 

audima