O governador Romeu Zema (Novo) crê que nenhum dos 853 municípios mineiros atravessa momento financeiro tão difícil quanto o do poder público estadual. Apesar do fim do parcelamento dos salários do funcionalismo, o chefe do poder Executivo ainda enxerga dificuldades. Nesta segunda-feira (30/8), durante cerimônia que oficializou o repasse da primeira parte da fatia do acordo com a Vale destinada às prefeituras, Zema afirmou concordar com a "trava" que impede as gestões locais de utilizarem o recurso para quitar vencimentos.
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Nesta segunda, os municípios receberam 40% de toda a verba a que têm direito. Além do veto aos pagamento de salários, há outra obrigação em torno dinheiro do trato com a Vale: os recursos precisam ser utilizados para subsidiar investimentos, como a construção de escolas ou hospitais. A ideia, segundo Zema, é deixar um legado à população.
"O estado e muitos municípios têm dificuldades, mas temos que ter um olhar para o futuro. O estado tem que se virar para consertar as suas contas; temos feito a lição de casa. Diria que os prefeitos, mesmo os que estão em dificuldades - e não tiveram culpa - também têm de fazer a sua parte".
Mais cedo, à "TV Globo", o governador esperançou o pagamento do 13° salário na data correta.
Multa é compensação social e econômica
O derramamento de lama em Brumadinho fez 270 vítimas. Dez ainda continuam sumidas em meio aos rejeitos. Zema lembrou que, além das perdas humanas, o desastre ambiental também gerou empobrecimento. Para mitigar os danos, a indenização bilionária é trunfo.
"A atividade de mineração, àquela ocasião, foi muito prejudicada. A mesma coisa com a arrecadação. Empregos foram perdidos. É o mínimo que temos de fazer para reduzir o sofrimento do mineiro", assegurou.
As parcelas do pagamento feito pela Vale são semestrais. Segundo a secretária de Estado de Planejamento e Gestão, Luísa Barreto, a projeção é que, até o fim deste ano, R$ 2 bilhões dos R$ 37,68 bilhões tenham sido gastos.
"Algumas obras já estão sendo retomadas ou executadas. É o caso do Hospital Júlia Kubitschek, cujas obras foram iniciadas há duas semanas. Teremos, nos próximos dias, uma série de ordens de início e contratações sendo realizadas", projetou.
Por 'legado', prefeitos já pensam em destinação
Enquanto o governo garante tentar acelerar a aplicação dos recursos que estão sob o guarda-chuva estadual, prefeitos já miram formas de utilizar as fatias municipais do acordo com a Vale.
"Vamos investir em um grande programa de requalificação asfáltica do nosso município para melhorar a mobilidade urbana", contou Marília Campos (PT), prefeita de Contagem. A cidade da Região Metropolitana de Belo Horizonte terá direito a R$ 30 milhões.
"É uma verba indenizatória, que tem que ficar como legado. Houve um estrago para o estado. Ela tem que chegar como algo palpável, objetivo, que marque", falou Julvan Lacerda, presidente da Associação Mineira de Municípios (AMM).