O vice-presidente Hamilton Mourão disse, nesta quarta-feira (1º/9), que o país corre o risco de passar por algum racionamento de energia em função da crise hídrica que afeta o nível dos reservatórios das usinas hidrelétricas do país.
A situação crítica dos reservatórios fez com que o governo federal anunciasse, na terça-feira (31/8), uma nova bandeira tarifária para as contas de luz, intitulada de "escassez hídrica", que elevou a taxa extra cobrada na fatura de R$ 9,49 para R$ 14,20 a cada 100 quilowatts-hora (kW/h) consumidos. A tarifa será cobrada até abril do ano que vem.
Apesar disso, de acordo com Mourão, medidas mais drásticas para garantir o fornecimento de enegia não estão descartadas. "O governo tomou as medidas necessárias, criou uma comissão para acompanhar e tomar as decisões a tempo e a hora no sentido de impedir que haja um apagão. Agora, pode ser que tenha que ocorrer algum racionamento", afirmou o vice-presidente.
A declaração de Mourão contradiz o que disse, também nesta quarta, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, em entrevista à CNN Brasil. Segundo ele, o "risco de racionamento hoje é zero". "Pelo contrário. Estamos tentando mostrar a gravidade da situação hídrica para que, de forma voluntária, os consumidores poupem energia", declarou Bento.
Em pronunciamento na noite de terça, o ministro falou em "um esforço inadiável de redução do consumo" e destacou que "precisamos, mais do que nunca, usar nossa água e nossa energia de forma consciente e responsável".
Governo não demorou
Além da nova bandeira tarifária, o governo anunciou um programa para estimular a população a economizar energia. Haverá concessão de bônus, nas contas de luz, no valor de R$ 50 para cada 100 kWh economizados em volume entre 10% a 20% entre setembro e dezembro de 2021.
O percentual de redução do consumo será aplicado sobre o montante apurado com base no consumo médio de cada unidade consumidora nas faturas referentes às competências de setembro a dezembro de 2020, desde que possuam histórico de medição.
Questionado se o governo demorou em estabelecer alguma medida que incentivasse a população a reduzir o consumo de energia, Mourão desconversou. "Os decisores tinham todos os dados disponíveis e se não tomaram uma decisão mais drástica antes é porque na análise de risco que fizeram, não era o caso. Eu veja dessa forma."
O vice-presidente ainda disse que não acredita que o valor mais alto da energia vá aumentar a inflação. "Não vejo dessa forma. Os fatores que fazem a inflação aumentar e diminuir são sazonais. Os setores do governo encarregados do assunto estão trabalhando junto e acompanhando diuturnamente o que está acontecendo e adotando as medidas necessárias", analisou.