O Ministério das Relações Exteriores concedeu licença por um ano ao ex-chanceler Ernesto Araújo. Ele pediu o afastamento para "tratar de interesses particulares" conforme despacho do secretário-geral das Relações Exteriores, Fernando Simas Magalhães, que circulou nesta quarta-feira, dia 1º.
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Araújo chegou a acusar a senadora Kátia Abreu (Progressistas-TO) de atuar em favor de lobby chinês - ela é representante dos ruralistas, presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado e obteve na Justiça uma vitória para que o ex-ministro pague indenização de R$ 30 mil por danos morais, com base na insinuação.
Sem trânsito político no Senado, o presidente não pôde indicar o ex-chanceler a embaixadas de renome no exterior, uma deferência na diplomacia, por causa do risco de não ter aval dos parlamentares. Uma alternativa seria a chefia de consulado ou um posto em representações de blocos econômicos, posições que não dependem de autorização dos senadores, mas nem isso recebeu.
A mulher dele, a diplomata Maria Eduarda de Seixas Corrêa, foi transferida para o consulado brasileiro em Hartford, nos Estados Unidos, e já está no país.
Ernesto Araújo ficou um período em cargo administrativo no Palácio Itamaraty e depois pediu uma licença remunerada por 90 dias. Agora, o ex-chanceler não receberá remuneração até 30 de agosto de 2022, quando se encerra a licença.
Notabilizado por embates com políticos e com parceiros como a China e por enaltecer o ex-presidente norte-americano Donald Trump, Ernesto Araújo sempre teve apoio da base conservadora e o apreço do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), o filho do presidente que mais influencia na política externa. Nos próximos dias, Araújo será uma das estrelas a discursar em um encontro de conservadores organizado por Eduardo e bolsonaristas.
Araújo abriu as portas do Itamaraty a blogueiros e youtubers de direita. Por externar posições ideológicas, ele vem sendo estimulado nos bastidores a se candidatar nas eleições de 2022 ao menos a deputado federal, embora em entrevistas tenha negado reiteradas vezes ter planos eleitorais.