Jornal Estado de Minas

SETE DE SETEMBRO

Dom Walmor rebate Bolsonaro e faz apelo em defesa das instituições

A mensagem de Dom Walmor Oliveira de Azevedo para o 7 de setembro rebateu grande parte das falas do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nos últimos meses. O arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) criticou a defesa pelo armamento da população, pediu urgência em políticas públicas que defendam os indígenas e os pobres e suplicou que os brasileiros defendam as instituições e a democracia.





A mensagem de Dom Walmor foi veiculada nesta sexta-feira, no canal da Arquidiocese de Belo Horizonte no Youtube. O bispo ressaltou que a população deve se manifestar e protestar por direitos, mas nunca com ataques às instituições e sempre com respeito e amor ao próximo. "A participação cidadã na política, reivindicando direitos, com liberdade, está diretamente relacionada com o fortalecimento das instituições que sustentam a democracia. Por isso, não se deixe convencer por quem agride os poderes Legislativo e Judiciário", chancelou.

"A existência de três poderes impede totalitarismos, fortalecendo a liberdade de cada pessoa. Independentemente de suas convicções político partidárias, não aceite agressões às instituições que sustentam a democracia", complementou.

Em sua fala, Dom Walmor combateu o discurso de Bolsonaro em defesa do armamento da população. Em evento de entrega da Medalha Mérito Desportivo Militar, nessa quarta-feira, no Rio de Janeiro, o presidente usou o palco de homenagem aos atletas medalhistas olímpicos para convocar apoiadores às manifestações do dia 7. "Com flores não se ganha a guerra não, pessoal. Quando se fala em armamento... quem quer a paz, se prepare para a guerra", disse.





"O dia da Pátria, 7 de Setembro, deve inspirar cada brasileiro a reconhecer: Somos todos irmãos. Somos irmãos, inclusive daqueles com quem não concordamos. É preciso contemplar essa verdade, deixá-la reconfigurar a nossa interioridade, pois o Brasil está sendo contaminado por um sentimento de raiva e de intolerância. Muitos, em nome de ideologias, dedicam-se a agressões e ofensas, chegando ao absurdo de defender o armamento da população. Ora, quem se diz cristão ou cristã deve ser agente da paz. E a paz não se constrói com armas", rebateu Dom Walmor.

O arcebispo ainda fez um apelo para que o foco da política nacional seja a retomada da economia, a inclusão social e a defesa pelos mais pobres. "Somos todos irmãos. Essa verdade, sublinhada pelo papa Francisco, deve inspirar o nosso cuidado com os que sofrem. A fome é realidade de quase 20 milhões de brasileiros. Aquele pai que não tem alimento para oferecer ao próprio filho é seu irmão", argumentou.

"Não podemos ficar indiferentes a essa realidade, que mistura o desemprego e a alta inflação, acentuando gravemente exclusões sociais. São urgente políticas públicas para a retomada da economia e a inclusão dos mais pobres no mercado de trabalho", apontou Dom Walmor.

Confira a mensagem de Dom Walmor para o 7 de Setembro, na íntegra:

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