O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez, na noite desta segunda-feira (6/9), um pronunciamento relativo ao 7 de setembro, dia da Independência do Brasil. No discurso, Lula criticou o atual líder do Palácio do Planalto, Jair Bolsonaro (sem partido), por não gravar mensagem de esperança aos brasileiros e apenas estimular "divisão, ódio e violência".
"Ao invés de anunciar soluções para o país, o que ele faz neste dia é chamar as pessoas para a confrontação, convocar atos contra os poderes da República, contra a democracia que ele nunca respeitou. Ao invés de somar, estimula divisão, ódio e violência. Definitivamente não é isso que o Brasil espera de um presidente", disse Lula.
Lula afirmou durante o pronunciamento, que foi transmitido em suas redes sociais, que um presidente da República deve passar mensagem de esperança aos brasileiros no dia 7 de setembro. No entanto, o ex-presidente disse que Bolsonaro segue o caminho inverso: incita ódio e violência e chama o povo para o enfrentamento.
O ex-presidente disse que Bolsonaro deveria levar uma palavra de solidariedade para as famílias que perderam entes queridos durante a pandemia da COVID-19, além de anunciar planos que gerassem emprego e que diminuíssem o custo dos combustíveis no país, além de anunciar medidas para conter a alta no preço dos alimentos.
"O Brasil andou para trás porque o governo federal parou de investir no crescimento e nos programas que ajudam o povo. Cortaram a verba das escolas, dos hospitais, da agricultura familiar e encolheram o Bolsa Família. Em nenhum país do mundo, nenhum, vai para frente sem investimento", afirmou.
Por fim, Lula disse que o Brasil ainda tem chance de melhorar os indicadores e que a "solução é colocar o pobre no orçamento e o rico no Imposto de Renda".
Leia, na íntegra, o pronunciamento de Lula
Tive a honra de presidir o Brasil durante oito anos. A cada 7 de setembro eu procurava trazer uma mensagem de esperança para o povo brasileiro. Recordo que muitas vezes anunciei boas notícias nesta data, porque o Brasil, naquele tempo, era um país em que a vida das pessoas estava mudando para melhor. A cada dia mais empregos eram criados, o salário crescia, os jovens negros e filhos de trabalhadores chegavam a universidade. As oportunidades se abriam para quem precisava ter uma chance. Um passo de cada vez, mas sempre seguindo em frente.
O 7 de setembro é um dia de compartilhar as nossas conquistas: a melhoria da qualidade de vida e o crescimento que colocou o Brasil entre as seis maiores economias do mundo. Mesmo nos momentos difíceis era dia de levar mensagem de fé e esperança na construção de um país soberano e mais justo, um Brasil verdadeiramente independente. Porque este é um papel de um Presidente da República, manter acesa a confiança no presente e no futuro, mostrar que é possível superar os obstáculos. Um presidente tem que saber somar forças e governar com esse sentimento permanente, porque é dele que vem o exemplo para o país.
Meus amigos e minhas amigas, especialmente neste 7 de setembro de um ano tão difícil era de se esperar um gesto assim de quem está governando o país, que ele desse uma palavra de solidariedade às famílias vítimas da pandemia e viesse a anunciar um plano que garantisse vacina para todos, pondo um fim à essa angústia que a população está vivendo. Era de se esperar dele um plano para gerar empregos que desse um alento aos trabalhadores, que viesse dizer que a Petrobras vai voltar a vender gasolina ao custo real e não mais pelo preço do dólar, porque foi essa política errada que fez disparar o preço dos combustíveis. Que apresentasse um plano para abaixar o preço dos alimentos para garantir um mínimo de dignidade para quem está na fila do osso.
Mas ao invés de anunciar soluções para o país, o que ele faz neste dia é chamar as pessoas para a confrontação, convocar atos contra os poderes da República, contra a democracia que ele nunca respeitou. Ao invés de somar, estimula divisão, ódio e violência. Definitivamente não é isso que o Brasil espera de um presidente.
Meus amigos e minhas amigas, eu não preciso dizer os números do custo de vida, do desemprego, da falta de investimento, da pandemia, da fome que voltou ao Brasil. Basta sair na rua para ver que o Brasil está sentindo na pele a destruição do país. Mas, hoje, estou aqui para dizer que apesar de tudo, o Brasil tem jeito, que é possível, sim, criar emprego novamente, que o salário deve crescer e ganhar a corrida contra a inflação, que é possível oferecer comida saudável a preço justo para colocar na mesa das famílias outra vez. Porque o nosso povo tem toda a capacidade de recuperar esse país, de voltar a fazer o Brasil crescer e proporcionar vida com qualidade para todos.
O Brasil andou para trás porque o governo federal parou de investir no crescimento e nos programas que ajudam o povo. Cortaram a verba das escolas, dos hospitais, da agricultura familiar e encolheram o Bolsa Família. Em nenhum país do mundo, nenhum, vai para frente sem investimento. Parar as obras que geram emprego e que fazem a economia crescer e, ao mesmo tempo, cobraram cada vez mais imposto do pobre do que dos ricos. São essas injustiças que precisamos enfrentar novamente para colocar o Brasil de pé. Por isso, venho dizendo que a solução para o país é colocar o pobre no orçamento e o rico no Imposto de Renda.
A fome, a pobreza, o desemprego e a desigualdade não são mandamentos divinos, são resultados de erros que nós podemos e devemos corrigir para mudar essa situação. Mudar com coragem, com confiança na nossa gente e com democracia, sempre. Eu sei que a vida nunca foi tão dura para a imensa maioria do nosso povo, mas eu aprendi a acreditar sempre na força dos brasileiros e das brasileiras. Neste 7 de setembro, quero deixar registrado uma mensagem de esperança: é preciso continuar lutando para superar esse momento, como superamos tantas outras crises no passado. Tenho fé que vamos reconstruir este país, com justiça, soberania e oportunidades para nós, para nossos filhos e nossos netos. Acreditem, o Brasil tem jeito.
Muito obrigado e viva o 7 de setembro.