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Estado de Minas APÓS ATAQUES

Celso de Mello sobre Bolsonaro: 'Político medíocre e sem noção dos limites'

Ex-ministro do Supremo Tribunal Federal reagiu às críticas do presidente à Corte e disse que o chefe do Executivo 'não está à altura do cargo que exerce'


07/09/2021 21:44 - atualizado 07/09/2021 21:44

Celso de Mello afirmou que faltam
Celso de Mello afirmou que faltam "estatura presidencial e senso de estadista" a Bolsonaro (foto: Rosinei Coutinho/SCO/STF)
O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Celso de Mello, divulgou uma nota nesta terça-feira (7/9) reagindo aos ataques feitos pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) à Corte. Celso de Mello classificou Bolsonaro como "um político medíocre e sem noção dos limites éticos", e que o chefe do Executivo "não está à altura do cargo que exerce".

Celso de Mello avalia que a condição política de Bolsonaro após os discursos feitos nesta terça degradaram a situação política do presidente. Em Brasília e em São Paulo, o chefe do Executivo fez discursos antidemocráticos contra o STF, mais especificamente ao ministro Alexandre de Moraes. O presidente afirmou que não cumprirá mais as decisões proferidas por Moraes. 

Para Mello, faltam "estatura presidencial e senso de estadista" a Bolsonaro.

"Com esses discursos ofensivos e transgressores da autonomia institucional do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal, incompatíveis com os padrões mais elevados da Constituição democrática que nos rege, Bolsonaro degradou-se, ainda mais, em sua condição política de Presidente da República e despojou-se de toda respeitabilidade que imaginava possuir", escreveu.

O ex-ministro também afirma que é preciso "repelir os ensaios autocráticos" e disse que os poderes Legislativo e Judiciário precisam agir para evitar "excessos governamentais".

"A resposta do povo brasileiro aos discursos deste Sete de Setembro de 2021, indignos da importância da data nacional que celebramos, só pode ser uma: as tentações autoritárias e as práticas governamentais abusivas que degradam e deslegitimam o sentido democrático das instituições e a sacralidade da Constituição traduzem justa razão para a cidadania, valendo-se dos meios legítimos proporcionados pela Constituição da República, insurgir-se, por intermédio dos Poderes Legislativo e Judiciário, contra os excessos governamentais e o arbítrio dos governantes indignos Legislativo e Judiciário precisam agir para evitar "excessos governamentais", concluiu.

Celso de Mello se aposentou do STF em outubro de 2020, após 31 anos de serviço. Em seu lugar, entrou o desembargador Kassio Nunes Marques, indicado por Bolsonaro.

Leia, na íntegra, a nota de Celso de Mello


Os discursos de Bolsonaro, em Brasília e em São Paulo, revelam a triste figura (e a distorcida mente autocrática) de um político medíocre e sem noção dos limites éticos e constitucionais que devem pautar a conduta de um verdadeiro Chefe de Estado que seja capaz de respeitar o dogma fundamental da separação de poderes! Na realidade, Bolsonaro é um político que não está, como jamais esteve, à altura do cargo que exerce, pois lhe faltam estatura presidencial e senso de estadista!!! 

Com esses discursos ofensivos e transgressores da autonomia institucional do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal, incompatíveis com os padrões mais elevados da Constituição democrática que nos rege, Bolsonaro degradou-se, ainda mais, em sua condição política de Presidente da República e despojou-se de toda respeitabilidade que imaginava possuir! Essa conduta de Bolsonaro revela a figura sombria de um governante que não se envergonha de desrespeitar e vilipendiar o sentido essencial das instituições da República! 

É preciso repelir, por isso mesmo, os ensaios autocráticos e os gestos e impulsos de subversão da institucionalidade praticados por aqueles que exercem o poder! Há que se ter sempre presente a grave advertência do saudoso e eminente Ministro Aliomar Baleeiro, do Supremo Tribunal Federal, em manifestação que recordava ao nosso País que, enquanto houver cidadãos dispostos a submeter-se e a curvar-se ao arbítrio e à prepotência do poder, sempre haverá vocação de ditadores... Daí a significativa e vital importância do Poder Judiciário cujos magistrados saberão agir com independência e liberdade decisória, dispensando tutela efetiva aos direitos básicos da cidadania! 

A resposta do povo brasileiro aos discursos deste Sete de Setembro de 2021, indignos da importância da data nacional que celebramos, só pode ser uma: as tentações autoritárias e as práticas governamentais abusivas que degradam e deslegitimam o sentido democrático das instituições e a sacralidade da Constituição traduzem justa razão para a cidadania, valendo-se dos meios legítimos proporcionados pela Constituição da República, insurgir-se, por intermédio dos Poderes Legislativo e Judiciário, contra os excessos governamentais e o arbítrio dos governantes indignos!


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