O ex-presidente da República Michel Temer acredita que uma união das forças políticas seria o ideal para o país, mas não acha que isso deva acontecer. Temer observou, em entrevista concedida ao CB.Poder nesta segunda-feira (13/9), que a inexistência de um candidato forte do centro vai favorecer Lula e Bolsonaro. O programa é uma parceria do Correio Braziliense com a TV Brasília.
"Com toda a franqueza, estou achando complicada essa história. Não acho fácil que os principais cotados da terceira via, em um dado momento, abram mão da candidatura, priorizando só um candidato (...) Você veja, que se houver muitos candidatos, ganha com isso aqueles que polarizaram", disse, em entrevista à colunista de política do Correio, Denise Rothenburg.
Na entrevista, Temer também não apostou na viabilidade de Simone Tebet como candidata do MDB à presidência de 2022. "Conheço o MDB há muito tempo, né? E sempre foi assim... Sempre quis lançar candidato e muitas vezes acaba não lançando. Hoje, tem uma bela pré-candidata, a Simone Tebet, mas não sei se o partido vai com essa posição até o final", afirmou.
De acordo com o político, não é possível fazer uma análise concreta da eleição no momento, e os próximos acontecimentos até lá devem formar a decisão do MDB. "Não há condições de fazer uma análise como essa há mais de um ano das eleições. O que acontecer pela frente vai determinar a conduta do MDB e demais partidos."
O ex-presidente voltou a ser protagonista na política brasileira ao se reunir com Bolsonaro na semana passada, em Brasília, e redigir uma nota oficial para amenizar a tensão entre o atual chefe do Executivo e o Supremo Tribunal Federal (STF). Temer disse que já estava recebendo telefonemas de amigos pedindo que intermediasse este diálogo entre os Poderes desde 2 de setembro.
Ligação de Bolsonaro
Um dia depois das manifestações de 7 de Setembro, por volta das 20h, a ligação de Bolsonaro chegou. No telefonema, o ex-presidente disse que alguns pontos determinados deveriam ser assinados em nota oficial. Bolsonaro concordou e o convidou para redigir o texto no dia seguinte, em Brasília.
O político do MDB disse não acreditar no impeachment de Bolsonaro como solução para os problemas do país no momento. "Você abre um processo de impeachment agora, vai durar uns 7, 8, 9 meses, vai bater com as eleições. Vai colocar o país numa agitação brutal", analisou.
Segundo ele, o Brasil deve decidir seu futuro nas eleições e, até lá, focar suas atenções no combate à pandemia e na retomada da economia.
Segundo ele, o Brasil deve decidir seu futuro nas eleições e, até lá, focar suas atenções no combate à pandemia e na retomada da economia.
Ainda na entrevista, Temer falou sobre a conversa que teve com o ministro do STF Alexandre de Moraes, e negou ter proposto um acordo para o ministro não determinar mais prisões a aliados de Bolsonaro.
"Não houve acordo nenhum. Primeiro que eu não teria o atrevimento de pedir isso ao Alexandre, que é ministro do STF. Segundo que ele jamais aceitaria essa forma de acordo. O que existe, sim, é uma distensão. A distensão é que poderá produzir bons resultados, até porque retoma-se um diálogo mais aprofundado entre os Poderes – Executivo, Legislativo e Judiciário".
"Não houve acordo nenhum. Primeiro que eu não teria o atrevimento de pedir isso ao Alexandre, que é ministro do STF. Segundo que ele jamais aceitaria essa forma de acordo. O que existe, sim, é uma distensão. A distensão é que poderá produzir bons resultados, até porque retoma-se um diálogo mais aprofundado entre os Poderes – Executivo, Legislativo e Judiciário".
* Estagiário sob supervisão de Mariana Niederauer