O advogado Marcos Tolentino ficou em silêncio na maior parte das perguntas feitas pelo relator da CPI da Covid, Renan Calheiros (MDB-AL), alegando prerrogativa profissional, Tolentino não quis falar sobre a atuação dele em empresas investigadas pela CPI e ligadas ao líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), o que reforçou as suspeitas dos senadores.
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CPI: silêncio de Tolentino reforça suspeitas com Ricardo BarrosACM Neto diz que para DEM não há clima político para impeachment38% dos manifestantes por impeachment de Bolsonaro se negam a protestar com PT'Pergunta certa, resposta certa', ironiza Aziz sobre silêncio de TolentinoAziz ironiza Bolsonaro: 'Talvez escreva uma carta sobre Ricardo Barros'Na fala inicial, Tolentino confirmou ter relações profissionais com Ricardo Benetti, acionista do FIB Bank, empresa usada como fiadora no contrato da Covaxin. O advogado, no entanto, negou ser o sócio oculto do FIB Bank, como acusado pelos senadores. Sobre Ricardo Barros, o depoente o classificou como um "conhecido há muitos ano, mantenho com ele vínculo de respeito e amizade, nada mais do que isso."
A CPI identificou atuação de Tolentino em cartas de fiança à União em contratos que somam aproximadamente R$ 600 milhões . "Isso demonstra um conluio nunca visto na história da República", afirmou Renan Calheiros. "O Ricardo Barros está presente em todas as negociatas e sempre muito próximo do depoente,"
Marcos Tolentino admitiu que tem como ativos precatórios judiciais da União. O depoimento chamou atenção em função de o líder do governo na Câmara defender desde setembro do ano passado o parcelamento de precatórios para abrir espaço a um programa social do líder do governo.
A senadora Simone Tebet (MDB-MS) apontou a seguinte relação suspeita: parcelar precatórios faz com que escritórios de advocacia como o de Tolentino paguem valores menores à vista para os beneficiados e fiquem com o direito de receber as dívidas da União em quantias maiores no futuro.
"É um interesse que, me parece, nesse caso conjugam", disse o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), ao falar sobre o interesse de Tolentino nos precatórios e atuação do líder do governo na Câmara.
A CPI avalia encaminhar o indiciamento de Ricardo Barros ao Ministério Público Federal. O deputado nega ter atuado em contratos suspeitos no Ministério da Saúde e agido para facilitar a compra da Covaxin, investigada pela comissão.
O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), ironizou as citações a Ricardo Barros e afirmou que o presidente Jair Bolsonaro chamará o ex-presidente Michel Temer para assinar uma carta e pedir desculpas por ter nomeado o deputado na liderança.
"Intocável perante o presidente Bolsonaro, intocável perante os apoiadores, porque permanece. Mesmo que a gente mostre aqui, desnude o líder na Câmara do presidente Bolsonaro, isso não vai mudar nada não, vai continuar lá", disse Aziz.