Mais de dois meses se passaram desde a aposentadoria do ministro Marco Aurélio de Mello, mas ainda não há previsão de quando o jurista André Mendonça, indicado do presidente Jair Bolsonaro para a cadeira no Supremo Tribunal Federal (STF), será sabatinado. Na sessão de ontem da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), senadores governistas e de oposição cobraram do presidente do colegiado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), o agendamento da ida do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública para ser inquirido pelos parlamentares.
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Tranquilidade
Apesar da irritação dos senadores, até agora Bolsonaro não deixou transparecer quaquer indignação com o episódio. Em evento na última terça-feira, no Palácio do Planalto, o presidente esteve com Alcolumbre e chegou a dizer que estava com "saudades" do ex-presidente do Senado, que teve uma atuação pró-Palácio do Planalto, algo bem distante da postura adotada pelo atual comandante da Casa, Rodrigo Pacheco (DEM-MG).
Para o cientista político e especialista em psicologia política, André Rosa, a demora de Alcolumbre ainda não ter definido a data da sabatina de Mendonça seria a grande possibilidade de o indicado por Bolsonaro ser rejeitado pelos senadores que compõem a CCJ. E a insistência de parlamentares de oposição seria um indicativo disso - e justamente num momento em que o Palácio do Planalto vem colhendo seguidas derrotas no Senado, como a rejeição do impeachment do ministro Luís Roberto Barroso, do STF, a pedido do presidente, e a devolução da MP que pretendia dificultar a remoção de conteúdos falsos e desinformativos da internet.
"O Alcolumbre tem medo de pautar uma sabatina e acontecer algo inédito. Não me recordo de um indicado que tenha caído numa votação tão simples", salientou.